Marine Le Pen, a única candidata à chefia do partido francês de extrema-direita Frente Nacional (FN), foi reeleita sem surpresas presidente com 100% dos votos expressos, após uma votação por correspondência, cujos resultados foram proclamados este domingo na convenção do partido.
A líder da Frente Nacional, de 49 anos, assume um terceiro mandato como líder do partido que preside desde 2011, altura em que assumiu o cargo do pai Jean-Marie Le Pen, e para o qual irá propor um novo nome ainda hoje, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Foram ainda contabilizados 2,87% de votos em branco ou nulos.
Em Lille, norte de França, cerca de 1.500 militantes presentes no congresso da FN também aprovaram com 79,7% dos votos expressos (20,2% contra) os novos estatutos que suprimem a presidência honorária, de acordo com o vice-presidente da Frente Nacional, Jean-Francois Jalkh.
O cargo honorífico pertencia a Jean-Marie Le Pen, fundador e presidente da Frente Nacional durante 39 anos, entre 1972 a 2011. O pai de Marine Le Pen já tinha sido expulso do partido em 2015, devido a intrigas políticas e comentários incómodos para a FN sobre o Holocausto.
Marine Le Pen avança, agora, para o terceiro mandato na liderança da FN com o objetivo de o tornar num partido de governo. Esse objetivo poderá ser alcançado, acredita Le Pen, se cumpridas três novas linhas orientadoras: “implantar-se, aliar-se, governar”.
As novas diretrizes partidárias cortam pela raiz a histórica posição do partido de extrema-direita de cultura de oposição e rejeição de alianças.
A decisão de mudar o nome da FN segue em linha com as novas orientações. Marine Le Pen quer tornar a Frente Nacional mais moderada aos olhos dos eleitores franceses.
Também foram eleitos os 100 membros do novo conselho nacional, cujos dez primeiros eleitos são dois militantes históricos. Marie-Christine Arnautu e Bruno Gollnisch, que o “Le Monde” aponta como próximos de Jean-Marie e opositores das intenções de Marine Le Pen.
Mais, Le Pen já manifestou a vontade de apresentar uma lista candidata às eleições europeias de 2019 de “união dos nacionais” contra os “mundialistas”, fazendo esquecer o plano ideológico esquerda/direita.
No sábado, 10, em véspera de ato eleitoral interno, Le Pen teve a seu lado o antigo estratega do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Steve Bannon esteve em Lille e participou no congresso da FN como orador.
“A História está do nosso lado e vai-nos levar de vitória em vitória”, afirmou o ultra-nacionalista no seu discurso.
Marine Le Pen agradeceu, via Twitter, o apoio de Bannon.
Merci à Steve Bannon pour sa venue à notre #CongrèsFN2018, et pour son discours instructif et enthousiasmant ! Un vrai plaisir et un honneur d'écouter celui qui a inspiré la campagne de Trump en 2016. MLP pic.twitter.com/md0EnF1luj
— Marine Le Pen (@MLP_officiel) March 10, 2018
Aos 49 anos de idade e sete de liderança, Marine Le Pen, contudo, parte para o terceiro mandato com uma declarada oposição interna, segundo o “Le Monde”. Há setores da FN que responsabilizam Le Pen pela derrota do partido de extrema-direita nas últimas eleições presidenciais francesas, de onde saiu vencedor Emmanuel Macron.
A saída de Florian Philippot, considerado “número dois” na campanha de Le Pen, é visto como sinal de desunião e fragilização da FN.
Phillipot criou um partido alternativo para disputar o eleitorado de extrema-direita com a FN.
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