[weglot_switcher]

Mário Ferreira exige ser ouvido pela justiça

O empresário recorda que já foram realizadas buscas em 2016 relacionadas com a venda do navio Atlântida e que nunca foi ouvido pela justiça. Agora, exige ser constituído arguido e deixa críticas a Ana Gomes por atentar contra a sua “honra”.
6 Julho 2022, 16h59

Mário Ferreira pediu hoje ao Ministério Público para ser constituído arguido na investigação à venda do navio Atlântida de forma a poder ser ouvido pela justiça sobre este processo.

“Ao fim de oito anos e desde o surgimento das primeiras insinuações públicas, nunca me foi dada a oportunidade para ser ouvido no âmbito deste processo. Situação intolerável e que muito contribuiu para o empolamento deste caso. Assim, dou conhecimento público da carta esta tarde endereçada pelo meu advogado ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (em anexo) a manifestar a minha total e imediata disponibilidade para colaborar com a Justiça, no sentido de esclarecer cabalmente todos os factos que julguem convenientes”, disse hoje o presidente da Mystic Invest/Douro Azul em comunicado.

Na missiva enviado ao Ministério Público, o advogado Tiago Félix da Costa recorda que já houve buscas relacionadas com o processo de venda a 29 de abril de 2016 e que a “existência destes processos tem sido utilizada por diversas pessoas para, na comunicação social, lançarem suspeitas e, inclusivamente, proferirem verdadeiros atentados contra a honra do requerente, com especial destaque para as afirmações recorrentes da sra. dra. Ana Gomes”.

“Note-se bem que, desde 2016, o requerente nunca foi ouvido no âmbito de qualquer um destes processos, nem sequer lhe foi dirigido qualquer pedido de informação ou de documentos, nem muito menos lhe foi movido a si e/ou às empresas agora buscadas qualquer processo pela Autoridade Tributária relacionado com a aquisição e posterior venda do navio Atlântida”, pode-se ler.

Os advogados argumentam que Mário Ferreira “sempre se manifestou disponível para colaborar com a justiça e, embora respeite sem reservas a autonomia e independência do Ministério Público e dos órgãos de Polícia Criminal, não pode deixar de estranhar e de lamentar que, desde 2016 até ao presente, se tenha chegado a este ponto e que o seu nome esteja novamente a ser injustamente denegrido na comunicação social, sem que alguma vez o requerente tenha sido chamado a explicar o que quer que seja”.

“Por lhe ser intolerável continuar a suportar as ignomínias de quem tem sido alvo e continuará a ser e pela responsabilidade que lhe advém dos cargos que ocupa e do papel que assume no tecido empresarial nacional, não resta ao requerente outra alternativa que não a de requerer a sua constituição como arguido”, acrescenta.

“Nestes termos e nos mais de direito, o requerente vem requerer a vossa excelência que se digne ordenar a sua constituição como arguido e a designar data para o seu interrogatório perante vossa excelência”, conclui a missiva.

As buscas realizadas ao universo Mário Ferreira tiveram lugar em oito locais em Portugal e Malta, revela hoje o Ministério Público.

“No âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em que a investigação está a cargo da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE) da Autoridade Tributária e Aduaneira, realizam-se, hoje, oito buscas em sociedades, entre as quais sociedades de advogados”, segundo comunicado do DCIAP.

“Nas buscas, que decorrem em Portugal – mais concretamente no Funchal e no Porto – e em Malta, participam 2 magistrados judiciais, 5 magistrados do Ministério Público, 19 inspetores e peritos forenses da DSIFAE e 12 elementos da Unidade de Ação Fiscal da GNR”, esclarece o MP.

“As diligências visam a recolha de prova relacionada com a alienação de um ferry a uma sociedade com sede em Malta. Os factos em investigação são suscetíveis de constituir a prática dos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento. A investigação prossegue sujeita a segredo de justiça”, segundo o comunicado hoje divulgado pelo DCIAP.

Em declarações aos jornalistas, o advogado da Douro Azul disse hoje esperar que “a verdade seja reposta”.

“Colaboramos sempre, já o fizemos no passado. Estamos dispostos a ajudar no que for necessário para que se possa repor a verdade”, afirmou hoje Nuno Bizarro, recusando dar mais detalhes, em declarações transmitidas pela “RTP3”.

O navio Atlântica foi vendido em setembro de 2014 pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) a uma empresa de Mário Ferreira por mais de oito milhões. Um ano depois, o mesmo navio foi vendido por 17 milhões por uma empresa de Mário Ferreira, então sediada em Malta, a uma empresa norueguesa, recorda o “CM”. Os ENVC tinham avaliado este navio em 29 milhões de euros em 2012.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.