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Marques Mendes: possível acusação de Azeredo Lopes pode criar “especulação incómoda” para António Costa

Marques Mendes argumentou que se o ex-ministro da Defesa for acusado, “embora não exista nada a incriminar António Costa, vai-se sempre especular”. “E é uma especulação incómodo: então se o ministro sabia, o primeiro-ministro não sabia?”. Noutros assuntos, o comentador disse que a carta de Joe Berardo a Ferro Rodrigues “demonstra que está desesperado”.
7 Julho 2019, 21h42

Luís Marques Mendes não ficou surpreendido com a constituição de arguido do ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, no caso de Tancos e admite que, se acusação for deduzia até setembro, mês de campanha eleitoral, pode gerar-se uma “especulação incómoda” para o primeiro-ministro, António Costa.

“Não fiquei surpreendido porque há aqui uma série de dados que indiciam um comportamento muito estranho”, disse Marques Mendes a propósito da constituição de arguido de Azeredo Lopes. “Não estou aqui a dizer que merece ser acusado, não estou a fazer juízos”, ressalvou o ex-líder do PSD, no comentário habitual que presta na SIC.

E que dados que indiciam “um comportamento muito estranho” por parte do ex-ministro da Defesa são esses? Desde logo, “o ex-ministro desvalorizou sempre muito, em termo públicos, a tramoia da Polícia Judiciária Militar no caso de Tancos”, começou por explicar Marques Mendes.

Além disso, o comentador também considerou estranho “o momento da demissão de Azeredo Lopes”. Isto porque, argumentou, “se ele tivesse pedido a demissão do Governo logo a seguir ao furto de Tancos, era compreensível, estaria a assumir responsabilidades”. “Agora, fazê-lo apenas depois de ter vindo a público a tramoia da PJ Militar, é estranho”. “Pode não significar nada, mas estranho é”, reforçou.

Marques Mendes também considerou estranho as sucessivas reações de Azeredo Lopes sobre o memorando da PJ Militar. “Começou por dizer que não conhecia, depois disso que sabia dele mas não conhecia o conteúdo. E, finalmente, conhecia o conteúdo mas não havia nada de mal”.

“Em função de tudo isto, eu compreendo que ele tenha sido constituído arguido. Mas atenção, arguido ou acusado não é ser condenado, e ele tem presunção de inocência”, explicou o comentador.

Questionado sobre a constituição de arguido de Azeredo Lopes ter repercussões para o Partido Socialista, Marques Mendes argumentou que poderá ser “um incómodo”, tendo em conta os prazos legais que existem. “Pode haver acusação [de Azeredo Lopes] até setembro. Ora, o próximo mês de setembro é mês de campanha eleitoral e se Azeredo Lopes for acusado, isto pode ser um incómodo para o Governo e para o Partido Socialista”, salientou o comentador.

Estará a posição política de António Costa salvaguardada em face da evolução do processo de Tancos? Marques Mendes respondeu: “embora não exista nada a incriminar António Costa, vai-se sempre especular”. “E é uma especulação incómodo: então se o ministro sabia, o primeiro-ministro não sabia?”, disse.

Joe Berardo passou de herói a vilão

Sobre a carta que Joe Berardo enviou ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, Marques Mendes considerou que espelha um sentimento de desespero. “Esta carta demonstra que Joe Berardo está desesperado e ele não se apercebeu que os tempos mudaram”, disse o ex-líder do PSD.

“Há uns anos atrás ele fazia um circo na televisão e ele era visto como um herói. E voltou ao Parlamento para fazer este circo, mas os tempos mudaram. Agora indigna os portugueses. Passou de herói a vilão. Alguém tem de lhe dizer que os tempos mudaram e que ele deve adoptar um comportamento menos leviano e mais rigoroso”, vincou Marques Mendes.

A Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) à Recapitalização e Gestão da Caixa Geral de Depósitos, que terminou recentemente os trabalhos, mereceu o elogio de Marques Mendes. “Eu penso que passados estes meses o balanço foi muito positivo”. E reconheceu que “os deputados fizeram um grande trabalho”, embora tenha destacado o trabalho realizado pelas deputadas Joana Mortágua do Bloco de Esquerda e Cecília Meireles do CDS.

O comentador considerou ainda que a CPI ao banco público foi positiva. Não só porque “os portugueses ficaram a conhecer verdades que não conheciam”, mas também porque “vai ajudar a dissuadir comportamentos no futuro”. E, salientou, “os bancos credores estavam todos um bocado passivos nesta matéria e agora estão muito mais ativos”.

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