O comentador da SIC Luís Marques Mendes criticou hoje a postura dos pilotos da TAP – que pretendem uma reversão (ainda maior) dos cortes salariais aplicados devido às ajudas de Estado à companhia – afirmando que estão a ameaçar com uma greve que seria “completamente imoral”.
No seu habitual espaço de comentário na estação SIC, Marques Mendes disse que os trabalhadores da companhia aérea “aceitaram voluntariamente fazer cortes nos seus salários” no contexto das ajudas de Estado autorizadas por Bruxelas. O plano de ajuda à TAP implica que os contribuintes ajudem a TAP com até 3,7 mil milhões de euros até 2025, mas em troca a Comissão Europeia exigiu um plano de reestruturação que engloba cortes de massa salarial e cortes na frota da companhia.
Marques Mendes recordou que, recentemente, a TAP começou a reverter parte dos cortes salariais – que no caso dos pilotos ia até aos 45%. A companhia tutelada por Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, propôs reduzir esse corte para 35%. Mas os pilotos querem uma descida do corte para 25%, admitindo o recurso à greve, tema que vai estar em discussão na assembleia-geral dos pilotos de segunda-feira.
“Mas a TAP já começou a dar lucros? Não, a TAP continua a dar prejuízos: 121 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano”, questionou Marques Mendes. O comentador da SIC – que disse ter o maior respeito pelo trabalho dos pilotos – considerou mesmo “escandaloso” que os pilotos estejam a pensar em paralisação.
“Ainda por cima, falando de pilotos, falamos dos trabalhadores mais bem pagos em Portugal. Não apenas na TAP. Mas em todo o país”, disse Marques Mendes. “Uma greve nesta situação, se ocorrer vai entrar para o Guinness como a greve mais imoral e impopular que se conhece. Acho que entraria para o Guiness”, ironizou.
Marques Mendes admitiu que “os pilotos fazem sacrifícios. É verdade”. Mas contrapôs que todos os outros portugueses também estão a fazer. “Se não fosse o dinheiro do Estado, a TAP já teria fechado e muitos dos pilotos que agora querem fazer greve estariam no desemprego”. Nos bancos, recordou, passou-se o mesmo: houve sacrifícios feitos pelos trabalhadores, que se mantiveram até as ajudas acabarem.
Por isso mesmo, Marques Mendes deixou um apelo: “Tem de haver bom-senso. Eu sei que só os pilotos podem desempenhar a sua função, mas julgo que têm de agir não abusando da sua influência”.