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Marta Temido reafirma objetivos de vacinação do Governo e avisa que levantar patentes não resolve problemas de abastecimento das vacinas

Ouvida no Parlamento, a ministra da Saúde destacou o esforço de investimento e reforço que tem vindo a ser feito no último ano no Serviço Nacional de Saúde, apontando já para o futuro. Ainda assim, ambos os lados do hemiciclo tiveram reparos a deixar à gestão da pandemia.
  • ANTÓNIO COTRIM/LUSA
23 Março 2021, 18h34

A ministra da Saúde reiterou esta terça-feira uma vez mais a intenção do Governo de cumprir o objetivo de ter 80% da população acima dos 80 anos vacinada, apontando esta meta para a próxima semana. Numa audição no Parlamento, Marta Temido destacou a resposta pandémica do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e projetou o futuro.

Apesar dos desafios criados pelo “diferencial entre as quantidades contratadas e entregues no primeiro trimestre” pelas farmacêuticas responsáveis pela produção da vacina contra a Covid-19, Marta Temido demonstrou confiança no adequado desenrolar da campanha de inoculação, apontando já para a próxima semana na obtenção do objetivo apontado para a população com 80 ou mais anos.

A resposta do SNS mereceu um elogio da própria ministra, que realçou, por um lado, o progresso no processo de testagem desde a identificação do primeiro caso Covid-19 em Portugal e, por outro, a “evolução em termos de inquéritos epidemiológicos e rastreadores”, que permite agora “que não tenhamos casos diagnosticados que não sejam contactados em mais de 24 horas”.

Portugal “é um dos países que mais testes realizou por milhão de habitantes” na Europa, destacou a ministra, que revelou que os 800 mil testes por milhão de habitantes colocam o país como o décima da UE em termos de testagem, tendo realizado até agora cerca de 8,8 milhões de testes. Destes, 1,6 milhões foram em janeiro, “o período mais conturbado” da crise pandémica.

Adicionalmente, a passagem de 430 camas em unidades de cuidados intensivos (UCI) de nível 3 em março do ano passado para as atuais 1015 também foi enaltecida, bem como o acréscimo de ventiladores nos hospitais, a quem foram distribuídos 1024 destes equipamentos.

Projetando já a retoma da atividade normalizada nos vários sectores nacionais, incluindo a saúde, Marta Temido convocou toda a população a contribuir para tal, sublinhando a importância de recuperar a atividade suspensa durante o período mais crítico da pandemia.

Ainda assim, a atuação do Governo mereceu reparos dos partidos presentes na audição. À direita, CDS-PP manifestou preocupações com a política de auto-testagem, tanto pelo menor acerto deste tipo de testes, mas também pelo provável incumprimento da norma da Direção-Geral da Saúde que obriga ao reporte dos resultados.

Do outro lado do espectro político, BE e PCP pediram que o Governo proceda ao levantamento das patentes associadas às vacinas que têm sido disponibilizadas, acusando o executivo de alinhar com a UE e com as farmacêuticas.

“O levantamento das patentes não nos resolve o problema da capacidade produtiva industrial”, explicou a ministra. “Se tivéssemos acesso aos 1,7 milhões de vacinas que não recebemos através da quebra das patentes teríamos já todos recorrido ao mecanismo, mas o processo exige uma capacidade industrial que está concentrada em dois ou três sítios do mundo que não existem na Europa”, concluiu.

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