O valor limite de 50 euros para os pagamentos contactless deverão manter-se depois de a pandemia estar ultrapassada. A opinião é avançada ao Jornal Económico por Paulo Raposo, diretor geral da Mastercard Portugal, reconhecendo que será uma das alterações no comportamento dos portugueses provocada pela Covid-19 que se vai perdurar.
“De facto, há coisas que mudaram e que se vão manter e, a do limite dos 50 euros para pagamentos contactless será, com certeza, uma delas”, referiu Paulo Raposo.
Esta alteração foi introduzida pelo Banco de Portugal (BdP) em março deste ano, aumentando o valor limite dos pagamentos contactless de 20 euros para os 50 euros. A medida, claro, deveu-se à mitigação do risco de contágio, uma vez que, este tipo de pagamentos apenas exige aproximar o cartão do terminal de pagamento, não sendo exigido o PIN.
O diretor geral da Mastercard Portugal justifica a sua opinião, explicando que existe uma mudança estrutural nos comportamentos acelerada pela Covid-19: o fim cada vez mais próximo do dinheiro físico.
“Sem dúvida. Caminhamos a passos largos para uma sociedade cashless e a pandemia acelerou esse processo”, realçou Paulo Raposo. E adiantou que o Governo “reconheceu isso” mesmo quando decidiu promover os pagamentos eletrónicos em detrimento das notas e moedas.
Um estudo da Mastercard concluiu que mais de 90% dos portugueses têm, em média, 22 euros na carteira, o que terá justificado o incentivo dos pagamentos eletrónicos de baixo valor — até 50 euros. O estudo concluiu ainda que 70% dos portugueses têm um cartão de débito que, em 55% dos casos, são equipados com a tecnologia contactless.
Adoção de criptomoedas acelera
Outra das consequências provocadas pela Covid-19, no que respeita ao futuro do dinheiro, é a aceleração da adoção de criptomoedas. “Sim, é um tema que temos acompanhado”, disse Paulo Raposo.
O diretor geral da Mastercard explicou que a empresa lançou a Plataforma de Testes de Moedas Digitais para bancos centrais. No fundo, permite-lhes que desenvolvam “testes virtuais e personalizados (…) e avaliar casos de utilização e testar estraégias de lançamento de moedas digitais, simulando um ecossistema Central Bank Digital Currencies (CBDC)”.
Outros agentes do mercado financeiro, como os bancos comerciais, as fintech e as consultorias também poderão avaliar a adequação do CBDC em determinado país ou região.
Nomeadamente, “a plataforma simular um ecossistema de emissão, distribuição e troca de moedas digitais com bancos e consumidores, incluindo a forma como uma moeda digital pode interagir com as redes e infraestruturas de pagamento existentes – por exemplo, cartões e pagamentos em tempo real”, adiantou Paulo Raposo.
Do lado do consumidor, a plataforma permite “demonstrar como uma moeda digital digital pode ser utilizada para pagar bens e serviços em qualquer lugar do mundo em que a Mastercard seja aceite”.
“Augmented Commerce”. Covid acelera concretização de negócios pré-pandemia
À semelhança das criptomoedas, Paulo Raposo considerou que a Covid-19 acelerou o momento de execução de negócios que já existiam antes da pandemia. O Augmented Commerce, ou comércio aumentado, é um deles.
E em que consiste? O diretor geral da Mastercard Portugal responde: “caracteriza-se por criar uma nova camada de envolvimento digital, que vai para além dos smartphones que nos acompanham no nosso dia-a-dia. Trata-se, no fundo, de estudar a combinação entre Realidade Aumentada, Voz, 5G e IoT, e identificar interfaces e caminhos que poderão moldar as futuras interações entre consumidores e comerciantes”.
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