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Mattarella pede a Draghi que forme Governo em Itália, mas apoio parlamentar é ainda incerto

O antigo responsável pelo Banco Central Europeu e pelo Banco de Itália é visto pelo presidente como a melhor solução para governar o país numa altura em que este se depara com uma crise económica e pandémica preocupante. Ainda assim, o Movimento 5 Estrelas recusará uma solução tecnocrata, sendo incerto o posicionamento da Liga de Salvini.
  • Kai Pfaffenbach/Reuters
3 Fevereiro 2021, 13h21

O presidente italiano, Sergio Mattarella, pediu a Mario Draghi, o antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE), que assumisse o governo do país, que se debate com uma crise política no meio da crise pandémica e económica e se fazem sentir em Itália.

O antigo responsável pela política monetária europeia, que ficou célebre pelo esforço de salvação da moeda única em 2012, quando prometeu fazer “o que fosse preciso” para garantir a manutenção do euro, é agora apontado como a solução para um impasse político gerado pela demissão do primeiro-ministro Giuseppe Conte a 26 de janeiro. Esta saída foi precipitada pelo abandono do Viva Italia, de Matteo Renzi, da coligação que liderava o Parlamento.

O presidente italiano pretende assim evitar eleições legislativas num período de tanta instabilidade e dificuldades como o que se vive atualmente, em que a Covid-19 cria sérios obstáculos ao processo eleitoral.

Draghi tem agora a difícil tarefa de reunir o apoio parlamentar que lhe permita liderar o executivo italiano, sendo que o principal partido desta coligação, o Movimento 5 Estrelas, já afirmou publicamente que não apoiará um governo liderado por um tecnocrata como o antigo governador do Banco de Itália. Restam assim o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e a Liga de Matteo Salvini, sendo que o apoio de cada um é ainda incerto.

“[Na Liga] temos de saber o que ele [Draghi] pretende fazer”, esclareceu Salvini. O PD parece mais inclinado a apoiar a solução apontada por Mattarella, mas reserva a sua estratégia para depois de analisar “o que vão os outros partidos fazer”, conforme explicou o deputado e vice-secretário do partido, Andrea Orlando.

A demissão de Conte e a instabilidade política têm gerado preocupações em Itália, sobretudo numa altura em que o elevado nível de dívida do país é um peso na gestão da crise pandémica. Por outro lado, existe um certo receio de que os fundos europeus do plano de recuperação não sejam devidamente aproveitados, isto num país aos quais estão atribuídos cerca de 200 mil milhões de euros.

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