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Meng Wanzhou: de rececionista a CFO da maior empresa privada chinesa

Meng Wanzhou começou como rececionista na Huawei até ser promovida da CFO. Sobreviveu a um cancro, tem quatro filhos e duas casas em Vancouver, onde está detida. Se for acusada, poderá incorrer numa pena de prisão de até 30 anos.
12 Dezembro 2018, 07h27

Começou a trabalhar em 1993 como rececionista na empresa fundada pelo seu pai, o milionário Ren Zhengfei. Em 1999, depois de ter tirado um mestrado em contabilidade na Universidade de Huazhong, na China, foi transferida para o departamento financeiro da Huawei, a gigante multinacional de telecomunicações que é a maior empresa privada chinesa e a segunda maior produtora de smartphones mundial, à frente da Apple, mas atrás da Samsung. Detida no passado dia 1 no aeroporto de Vancouver, no Canadá, enquanto trocava de aviões, Meng Wanzhou, a CFO e vice-presidente da Huawei arrisca-se a uma pena de prisão de 30 anos, se for declarada culpada.

Até há bem pouco tempo, o nome de Wanzhou não era muito conhecido no mundo ocidental. Até porque a CFO resolveu, aos 16 anos, passar a utilizar o nome da sua mãe, Meng Jun, contrariando a tradição chinesa, em detrimento do nome do seu pai. Além disso, a executiva chinesa detida no Canadá é conhecida por Sabrina Meng ou Cathy Meng, noticia a BBC.

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Desde 2016 que os EUA têm investigado a Huawei por suspeitarem que a empresa chinesa usou uma subsidiária para fazer negócio no Irão. Nesse contexto, as autoridades canadianas detiveram Meng Wanzhou porque suspeitarem que a executiva chinesa defraudou instituições bancárias, alegando que a SkyCom era uma mera subsidiária, ajudando a Huawei a contornar as sanções impostas pelos EUA ao Irão. Mas, na realidade, “a SkyCom é a Huawei”, revelou um procurador canadiano.

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Chrystia Freeland, reforçou as declarações do primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, segundo as quais a detenção de Meng Wanzhou não tem quaisquer motivos políticos. A ministra garantiu ainda às autoridades chinesas que o processo judicial será um processo justo e que irá seguir os ditames da lei. “O Canadá é um Estado de Direito”, frisou.

Segundo a BBC, os documentos submetidos no Supremo Tribunal de British Columbia, onde a executiva chinesa está a ser ouvida, revelaram alguns marcos da sua vida pessoal. Meng Wanzhou teve o estatuto de residente no Canadá até 2009, ano em que se mudou para a China. Mãe de quatro filhos,  sobreviveu ao cancro da tiróide e sofre de hipertensão e de problemas no sono, necessitando de medicação diária. De acordo com aqueles documentos, a CFO disse revelou que continua a sentir-se mal e mostrou-se preocupada com o agravamento do seu estado de saúde enquanto estiver detida. “Neste momento, tenho dificuldade em ingerir alimentos sólidos e tive de alterar a minha dieta para fazer face a esses problemas”, explicou Meng Wanzhou.

A filha do fundador da Huawei parece ter raízes fortes em Vancouver, onde tem duas casas. Avaliadas, no seu conjunto, em cerca de 14,4 milhões de euros, as duas casas foram dadas como garantias da sua fiança. Por isso, o seu advogado defendeu em tribunal que ela não constitui um risco em voar para fora do Canadá, para onde faz diversas viagens por ano para ver os seus filhos e o seu marido. De resto, Meng Wanzhou não pisou ou sólo norte-americano desde 2017, embora diga-se que o seu segundo filho esteja a estudar em Massachusetts, nos EUA.

Algo que não se percebe é o facto de Meng Wanzhou ser detentora de sete passaportes – quatro chineses e três de Hong Kong. Segundo apurou a BBC, a legislação chinesa obriga os cidadãos chineses a prescindirem do passaporte chinês caso queiram obter um passaporte de outra nacionalidade – Hong Kong é uma província autónoma chinesa. De resto, a imigração de Hong Kong esclareceu que vigora a política de um passaporte por pessoa apenas.

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