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Allianz GI investe na banca em Espanha e Itália. Em Portugal, considera que o risco ainda é elevado

A gestora de ativos está a apostar nas obrigações de bancos de Itália e Espanha, mas em Portugal tem-se mantido à distância, em parte devido ao problema do malparado. Entre as empresas portuguesas, a Allianz está a investir nas ‘utilities’ e a preferida é a EDP.
7 Fevereiro 2018, 07h30

A Allianz Global Investors está a apostar nas obrigações de grandes bancos espanhóis e italianos, mas não em Portugal, porque considera que há demasiado risco no setor. Enquanto o problema do crédito malparado é transversal aos três países, a gestora de ativos prefere esperar para ver como os bancos portugueses lidam com a situação. Por outro lado, está a investir no setor das utilities, com a EDP a encabeçar a lista de preferidas.

“Do que posso ver do setor empresarial em Portugal, há grandes melhorias nos fundamentos empresariais, em parte devido às ações do Banco Central Europeu [BCE]”, disse Luke Copley, gestor de portefólio de fixed income da Allianz GI, em entrevista ao Jornal Económico.

A redução de custos de financiamento proporcionado pelo programa de compra de obrigações soberanas e empresariais do BCE foi utilizada, segundo Copley, para impulsionar os lucros, aumentar os ciclos de negócio e preparar a próxima fase de crescimento.

Por ver com bons olhos esta evolução, a gestora de ativos está a investir em Itália, Espanha e Portugal, “devido ao que aconteceu no ambiente macro-económico e quão positivo foi para as empresas”, diz. No entanto, em setores diferentes.

Em Espanha e Itália estão focados no sistema bancário, com especial interesse no Intesa, Unicredit, BBVA e Santander. Em Portugal, têm “algum risco na Caixa Geral de Depósitos através de obrigações subordinados”, mas preferem manter-se à distância no caso de outras instituições financeiras, destacando o Novo Banco como uma opção fora de questão.

“O problema é que não há muitos nomes ilegíveis para nós e ainda há um problema estrutural no setor da banca portuguesa, em termos de como lidar com os non-performing loans [NPL]. Ainda há uma quantidade considerável de stress”, disse o gestor de ativos da Allianz GI.

Apesar de a gestora de ativos reconhecre que há um esforço em todos os países – “um reconhecimento de que é preciso um plano para liderar com estes ativos problemáticos” – considera que a questão está na flexibilidade com que cada um está a fazê-lo, ou seja, quão depressa os bancos conseguem melhorar os portefólios e diversificar os lucros, “sem causar demasiada dor”.

“Itália tem um problema gigante de NPL. Em termos de volume, é o maior problema da zona euro, mas há uma bifurcação clara entre a forma como grandes bancos estão a lidar com isso e como bancos de regiões mais pequenas – Tier 2 ou Tier 3 – estão a lidar. Preferimos assumir riscos em grandes bancos, que têm uma estratégia clara de longo prazo para limpar os NPL das folhas de balanço”, explicou Copley.

“Em bancos mais pequenos, é claro que a única forma suficiente de enfrentar este problema é aumentar o capital junto de shareholders e bondholders. Em última análise, isso é mau para os detentores de obrigações. Já vimos isso a acontecer e preferimos manter-nos à margem. Vamos esperar para ver como o problema evolui nos próximos trimestres”, acrescentou.

Em alternativa, a Allianz GI vê a EDP como a melhor empresa do setor de utilities e é aquela em que está mais investida. Dizem estar também a olhar para outros emitentes do setor, como a Galp e REN, sobre os quais têm perspetivas positivas.

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