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Mercadorias movimentadas nos portos do Continente recuaram 7,1% até ao final de outubro

O comportamento negativo do ecossistema portuário é explicado pela maioria dos portos, com exceção para a Figueira da Foz e Faro, que registam aumentos de 2,6% e de 46,5%.
18 Dezembro 2020, 15h36

As mercadorias movimentadas nos portos do Continente recuaram 7,1% até outubro de 2020, em relação ao período homólogo.

“Nos primeiros dez meses do ano, os portos do Continente movimentaram 67,79 milhões de toneladas, uma diminuição de 7,1% face ao período homólogo de 2019. O comportamento negativo do ecossistema portuário é explicado pela maioria dos portos, com exceção para a Figueira da Foz e Faro, que registam aumentos de 2,6% e de 46,5%”, explica um comunicado da AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.

De acordo com esse documento, o carvão continua a deter a maior quota de responsabilidade na variação negativa global, ao registar uma quebra de 72,1% nos primeiros dez meses do ano.

“Sines aumenta ligeiramente a liderança do movimento global portuário, representando agora 50,9% do total, e destaca-se no segmento de contentores com uma quota maioritária absoluta de 57,3%”, avança o referido comunicado.

Segundo a AMT, “entre janeiro e outubro de 2020, os portos do Continente movimentaram um total de 67,79 milhões de toneladas, um valor inferior em 5,15 milhões de toneladas face a igual período de 2019 e um recuo de 7,1% na variação global apurada no período de dez meses de 2020”.

“Este desempenho é explicado pelo comportamento negativo da maioria dos portos, com exceção para a Figueira da Foz e Faro, que revelam um acréscimo no volume movimentado de 2,6% e de 46,5%, respetivamente. Lisboa e Leixões são os portos que apresentam maiores quebras, na casa de dois milhões de toneladas, seguindo-se Aveiro, Sines e Setúbal”, esclarece a AMT.

Os responsáveis do órgão regulador do setor dos transportes sublinham que “este desempenho é também explicado pela suspensão da importação de carvão mineral desembarcado em Sines, para alimentar as centrais termoelétricas de Sines e do Pego, cuja produção no período janeiro-outubro de 2020 regista uma quebra homóloga de 72,1%”.

“A par do carvão, também os produtos petrolíferos, outros granéis sólidos, carga fracionada e produtos agrícolas registaram expressivas variações negativas, de, respetivamente, menos 1,8 milhões de toneladas, menos 565,4 mil toneladas (mt), menos 403,2 mt e menos 352,2 mt.  A registar variações positivas estão os mercados de carga contentorizada e de minérios, com movimentos respetivos de mais 667,5 mt e mais 110,8 mt. De salientar que o comportamento da carga contentorizada tem maior expressão no porto de Sines, fechando o período de janeiro a outubro com mais 1,9 milhões de toneladas (+13,2%), registando também os valores mais elevados de sempre registados nos períodos homólogos, em Setúbal e Leixões, ao crescer, respetivamente, mais 230,6 mt (+18,6%) e mais 118 mt (+2%)”, detalha a AMT.

Segundo a instituição lidferada por João Carvalho, “o desempenho positivo destes portos logra anular as variações negativas observadas em Lisboa e, numa dimensão menos significativa, na Figueira da Foz, com valores respetivos de menos 1,56 milhões de toneladas (-39,3%) e de -33 mt (-23,6%), sendo que para a ocorrência da primeira não é alheia a instabilidade laboral por efeito de pré-avisos de greve dos trabalhadores portuários que têm ocorrido com frequência”.

“Sines aumenta ligeiramente a liderança em outubro, com quota maioritária absoluta de 50,9% do total do movimento de carga movimentada, um acréscimo de mais 3,5 pontos percentuais (pp) à do período homólogo de 2019, embora esteja ainda a menos 3,5 pp do seu máximo registado em 2016. Leixões mantém o segundo lugar, com uma quota de 21,5%, seguido por Lisboa (11%), Setúbal (7,7%), Aveiro (5,9%), Figueira da Foz (2,4%), Viana do Castelo, diminui ligeiramente para 0,4%, e Faro, cresce para 0,2%. Portimão, sem a linha ‘ro-ro’ [‘roll on-roll off’, para embarque e desembarque de automóveis] para a Madeira, não registou qualquer movimento de carga no ano corrente”, adianta o comunicado da AMT.

Nos primeiros dez meses deste ano, o segmento dos contentores registou um volume superior a 2,31 milhões de TEU, uma redução de 0,1% do valor apurado no mesmo período de 2019 e de 8,5% do valor máximo registado em 2017.

“Sines foi o porto que mais contribuiu para este desempenho positivo do segmento de contentores, registando um acréscimo de 120,4 mil TEU [medida padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento] (mais 10%). Também Setúbal e Leixões registam acréscimos de 21,8 mil TEU e mais 5,5 mil TEU, respetivamente. No entanto, estes três portos não conseguiram anular as variações negativas de Lisboa e da Figueira da Foz, que atingiram respetivamente menos 145 mil TEU (-37,2%) e menos 4,2 mil TEU (‑23,2%)”, revela a AMT.

AAMT destaca ainda que os portos de Leixões e de Setúbal registaram “o volume de TEU mais elevado de sempre nos períodos de janeiro a outubro, com 586 967 e 138 837 TEU movimentados, respetivamente”.

“Sines volta a registar o volume mais elevado de sempre no tráfego com o ‘hinterland’, registando nos primeiros dez meses de 2020 um acréscimo homólogo face a 2019 de mais 9,3% e tendo subjacente uma taxa média anual de crescimento de 14,4% apurada nos últimos cinco anos. Ainda no segmento de contentores, o porto de Sines eleva a liderança a uma quota maioritária absoluta de 57,3%, seguindo-se Leixões, com 25,4%, Lisboa, com 10,6%, Setúbal, com 6%, e Figueira da Foz, com 0,6%.

Relativamente ao número de escalas de navios, nas diversas tipologias, a AMT assinala que o conjunto dos portos nacionais do Continente registou nos primeiros dez meses deste ano um total de 7.837 escalas, um recuo de 12,6% (menos 1.133 escalas no total) face ao período homólogo de 2019, a que corresponde uma arqueação bruta de cerca 140,87 milhões se toneladas, menos 17,9% face a igual período do ano anterior.

“Esta variação negativa global resulta de diminuições do número de escalas observadas na maioria dos portos, mas sendo fortemente condicionado pelo porto de Lisboa que regista uma diminuição de -773 navios, dos quais cerca de 280 são navios de cruzeiro de passageiros, cujas escalas foram canceladas no âmbito das medidas de combate à pandemia de Covid-19. Apenas Setúbal, Faro e Figueira da Foz registam variações positivas no número de escalas ao registar um crescimento de 29, 11 e 6 escalas, respetivamente”, avança a AMT.

Segundo este órgão regulador do setor dos transportes, “a quota mais elevada do número de escalas no período total dos dez meses é detida pelos portos de Douro e Leixões, com 26,3% do total, seguidos de Sines (com 21,3%), Lisboa (17,8%), Setúbal (16,8%), Aveiro (10,3%), Figueira da Foz (5 %), Viana do Castelo (2,1%), Faro (0,5%) e Portimão (0,1%).

“O comportamento do fluxo de embarque, que inclui a carga de exportação, é caracterizado pelo comportamento positivo da carga contentorizada e dos podutos petrolíferos, ambos de Sines, que refletem acréscimos respetivos de mais 946,5 mt (+11,9%) e de mais 722 mt (+16,8%), representando 76,1% do total das variações positivas observadas. Também a carga contentorizada de Leixões e de Setúbal registam acréscimos respetivos de mais 104 mt (+3,4%) e de +102,4 mt (+12,6%)”, acrescenta a AMT.

A instituição cdestaca também que a carga contentorizada de Lisboa e de produtos petrolíferos de Leixões são os principais mercados a assinalar variações negativas neste segmento, ascendendo a, respetivamente, menos 1,05 milhões de toneladas e a menos 693,7 mt, representando 66,5% do total das variações negativas.

O terceiro mercado com mais impacto negativo é o de outros granéis sólidos do porto de Aveiro, com uma redução da tonelagem movimentado de menos 172,3 mt.

“No segmento das operações de desembarque, registaram comportamento positivo os mercados de petróleo bruto e de carga contentorizada de Sines, com acréscimos respetivos de mais 982,2 mt (+17,2%) e de mais 964,2 mt (+14,8%), representando no conjunto cerca de 76,8% do total das variações positivas registadas, e os produtos petrolíferos de Leixões, com um acréscimo de mais 169,1 mt”, assegura a AMT.

Na opinião dos responsáveis deste órgão regualdor, “a condicionar fortemente este segmento surge novamente o carvão em Sines, responsável pela diminuição de menos 2,28 milhões de toneladas (menos 93,5% do que no período janeiro-outubro de 2019), representando 31,4% do volume total das variações negativas”.

“A responsabilidade pelo comportamento negativo deste segmento, alarga-se também aos produtos petrolíferos de Sines e ao petróleo bruto de Leixões, ao registarem, respetivamente, diminuições de 1,64 milhões de toneladas (-24%) e de 1,09 milhões de toneladas (-31,7%), assim como, embora com menor expressão, à carga contentorizada de Lisboa, com menos 508 mt (-37,6%) do que o verificado no período homólogo de 2019”, adianta a AMT.

Por fim, o portos que apresentam um perfil de porto ‘exportador’, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, entre janeiro e outubro de 2020, são Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro, que apresentam um quociente entre carga embarcada e total movimentado com valores respetivos de 72,9%, 66,2%, 55,3% e 100%.

“A estes portos confere-se uma quota de 15,2% do total de carga embarcada no sistema portuário do Continente, sendo que 10,1 pp desta quota pertencem a Setúbal”, conclui a AMT.

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