A tecnológica portuguesa Smartex, que desenvolve hardware e software para detetar defeitos de têxteis em tempo real, anunciou esta quarta-feira que adquiriu a startup turca Tuvis para reforçar a presença internacional da empresa e melhorar o produto. O negócio, do qual não se sabe o valor associado, inclui ainda a abertura de um escritório no bairro de Maslak, em Istambul.
O investimento da Smartex na Turquia não surge à toa. O país transcontinental, entre a Europa e a Ásia, é um dos mercados mais importantes para o sector têxtil e para a empresa, que conta com a ERKO como distribuidor local. Agora, a Smartex passa a ter mesmo um centro tecnológico próprio, um espaço para as reuniões gerais, desenvolvimento de software e acolher equipas comerciais.
“É um movimento estratégico para expandir o nosso poder tecnológico a nível global. Com a ajuda da nossa equipa em Istambul, que está a crescer, estamos certos de que iremos criar um impacto duradouro na indústria têxtil em todo o mundo”, assegurou o CEO of Smartex, Gilberto Loureiro, em comunicado enviado aos meios de comunicação social.
Fundada em 2019, por Eyüp Görkem Bayram e Bahadır Gölcük, a Tuvis é uma startup que desenvolve tecnologia baseada em machine learning para controlo de qualidade de linhas de produção têxtil. No âmbito desta transação, Eyüp Görkem Bayram, cofundador da Tuvis, torna-se no novo diretor da Smartex na Turquia. “A nossa jornada começou de maneira parecida e agora os nossos caminhos cruzaram-se. Em nome da Tuvis, estamos entusiasmados em entrar na Smartex e aumentar o impacto global na digitalização da indústria têxtil, capacitando produtos e serviços”, comentou o empreendedor.
No início de novembro do ano passado, a empresa anunciou um financiamento série A, no valor de 24,7 milhões de dólares, para expandir o negócio para outros países, nomeadamente asiáticos, recrutar e desenvolver linhas de produtos. A primeira geografia asiática chegou apenas quatro meses depois deste investimento milionário, liderado pela sociedade de capital de risco Lightspeed Venture Partners e pela Build Collective, do empresário e investidor norte-americano Tony Fadell, que esteve por trás do desenvolvimento do iPod.
Nesta ronda participaram ainda: EX Capital, H&M Goup, DCVC, SOSV’s HAX, Spider Capital, Momenta Ventures, Bombyx Capital Partners, Faber e Fashion for Good. Há cerca de quatro anos, a Smartex tinha encaixado 2,9 milhões de euros, no âmbito de uma ronda seed coliderada pela DCVC e Spider Capital.
A Smartex foi a vencedora do pitch da Web Summit 2021, ao provar o dom da palavra e da sua tecnologia para reduzir o desperdício têxtil, emissões de dióxido de carbono, energia, água, tempo de produção e custo de capital, desligando automaticamente as máquinas de produção para evitar o desperdício de materiais. Por exemplo, tem realizado projetos com multinacionais como a Kering (dona da Gucci e Balenciaga), a PVH (proprietária da Tommy Hilfiger e Calvin Klein) ou a Pangaia.
Na Web Summit de 2022, foi uma das empresas que foram à cimeira com a AWS (Amazon Web Services), que destacou, aos visitantes do stand, o facto de a Smartex “colocar câmaras e sensores em máquinas que estão ligadas à cloud para evitar defeitos nas fases mais precoces da produção” e ter sido selecionada para a lista 30 Under 30 de 2020 da revista “Forbes” em 2020.