Os cartéis de droga no México começam a adotar cada vez mais a internet, o comércio digital e as criptomoedas para traficar substâncias, refere um relatório publicado esta quinta-feira pelo gabinete das Nações Unidas responsável pelas drogas e pelo crime. O uso das criptomoedas, em particular da bitcoin, permite evitar a deteção das movimentações e transferências por parte das autoridades fiscais, segundo o Órgão Internacional de Fiscalização de Estupefacientes.
O relatório das Nações Unidas destaca que duas organizações criminosas, o cartel de Jalisco Nova Geração e o mais conhecido cartel de Sinaloa, fazem pequenas compras de bitcoin para evitar levantar suspeitas. Após dividirem a receita das vendas de drogas em pequenos valores, os cartéis usam essas somas “para comprar uma série de módicas quantias de bitcoin, ocultando a origem do dinheiro e conseguindo dessa forma pagar aos associados em qualquer parte do mundo”, refere o relatório.
Segundo o mesmo documento, os cartéis mexicanos já conseguem lavar 25 mil milhões de dólares por ano – cerca de 22,7 mil milhões de euros. O anonimato e a rapidez das transações são, de acordo com as Nações Unidas, os dois principais motivos que levam os cartéis a adotar estas tecnologias, numa tendência que já se estende aos grupos colombianos.
O documento em causa foi tornado público no mesmo dia em que o presidente norte-americano, Joe Biden, assinou uma ordem executiva sobre as criptomoedas. A administração Biden urge desta forma a Reserva Federal a supervisionar o ecossistema das criptomoedas e a determinar se o banco central deve ou não criar a sua própria criptomoeda.
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Além destas considerações hoje conhecidas, o órgão internacional acautela que os cartéis de droga estão a recuperar “antigas receitas de narcóticos sintéticos”, que teriam deixado de ser utilizadas por causa dos seus efeitos secundários.