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Michael Page avança tendências de recrutamento para executivos em 2022

O Jornal Económico revela em primeira mão as conclusões do estudo de tendências em 15 sectores de atividade. As grandes empresas reforçam as cláusulas de proteção à mudança nas funções de direção para mitigar o efeito da incerteza e a movimentação no mercado de talentos e reforçam o salário emocional, adianta o estudo.
16 Dezembro 2021, 07h30

Ano e meio depois do início da pandemia da Covid-19, a economia volta a ganhar dinamismo e, em alguns sectores, até a superar 2019. “O ambiente profissional tornou-se mais competitivo, incerto, globalizado e altamente digitalizado, acentuando a importância do capital humano e da gestão do talento para a diferenciação das empresas”, afirma a Michael Page no estudo anual sobre tendências de recrutamento para 2022 para quadros executivos, em empresas de grande dimensão, cujas conclusões O Jornal Económico revela em primeira mão.

A flexibilidade, o trabalho remoto e benefícios ao nível da saúde, educação e reforma são fatores importantes para o candidato aceitar uma proposta em qualquer setor, conclui o estudo que abrange 15 sectores de atividade. Também conclui que nas funções de direção reforçam-se as cláusulas de proteção à mudança para mitigar o efeito da incerteza e a movimentação no mercado de talentos, e reforça-se o salário emocional.

Os sectores

Banking & Financial. Os perfis de auditoria, controlo e risco encontram-se entre os mais desejados. Segundo a Michael Page, em 2022, o negócio de NPL deverá contribuir de forma significativa para o crescimento do mercado financeiro e as fintech assumirão uma posição preponderante na atracão de novo talento. Destaca-se o aumento das funções de risco, compliance e auditoria, tanto na área corporate & investment banking, como em retail banking. Como exemplo de tendência salarial, na banca de retalho um diretor de agência pode ganhar até 58 mil euros, e um analista de risco até 37 mil euros.

Construção. Os projetos ligados à construção civil (edificação) assumem destaque, contudo é previsível um aumento dos concursos públicos em projetos de infraestruturas. A Michael Page alerta para a carência de profissionais devido à redução de estudantes universitários nos últimos anos, principalmente em engenharia civil, e aos profissionais que saíram do país. Este desequilíbrio contribui para elevar os níveis salariais do setor. Os perfis mais procurados estão ligados à produção do lado dos empreiteiros: diretores de obra, encarregados gerais, preparadores de obra e orçamentistas. Nos promotores procuram-se sobretudo gestores de projeto. A remuneração pode incluir desde o valor máximo de 110 mil euros para a função de diretor-geral a 35 mil euros para um engenheiro fiscal ou de projeto.

Engineering & Manufacturing. O setor industrial é bastante vasto e se, em circunstâncias normais, é difícil existir uma perspetiva homogénea, no último ano, é praticamente impossível. Os perfis mais procurados (engenheiros de processo, engenheiros de melhoria contínua, supervisores de produção, técnicos de manutenção, gestores de projeto e engenheiros de produto) estão ligados às áreas de logística e supply chain, onde a procura passou a ser superior à oferta, mas os salários ao nível de direção mantiveram-se. Com a integração de Portugal num mercado cada vez mais global, assistimos a uma maior competitividade ao nível do pacote salarial, criando uma tendência de disputa de talento no setor, salienta a Michael Page. Como indicação, na indústria, um diretor-geral pode auferir o salário máximo de 170 mil euros, se trabalhar em Lisboa, e a mesma função, na mesma zona geográfica, na área da construção, até 110 mil euros.

Finance. A procura de perfis financeiros, nomeadamente para funções de controlling, contabilidade e direção financeira, tem crescido gradualmente nos últimos anos, num sector que, segundo a Michael Page, exige profissionais cada vez mais polivalentes. PME’s que procuram profissionalizar as suas equipas, bem como multinacionais e empresas de SSC, têm sido os principais players no que respeita a novas contratações. O mercado procura perfis avançados com domínio de tecnologias como Excell, ferramentas de Business Intelligence e ERPs, além de capacidade analítica, espírito crítico e orientação à melhoria contínua de processos transversais e competências sociais. Nos perfis financeiros, as empresas procuram, sobretudo, parceiros estratégicos de negócio com forte proximidade às operações. Exemplificando, nas funções de direção, como a de controller financeiro, o salário oscila entre 21 mil a 45 mil euros enquanto nas funções de controlo, um auditor externo pode ganhar até 63 mil euros.

Healthcare & Life Sciences. É um dos principais protagonistas do último ano, tendo ficado clara a sua importância e o foco que continuará a ter nos próximos anos. Segundo a Michael, um salário justo, a boa reputação da empresa e o trabalho flexível continuam a ser fatores decisivos para atração e retenção de talento. Nas funções comerciais, um business unit manager (cargo máximo) pode auferir desde 64.400 a 130 mil euros, no departamento médico, um diretor médico pode atingir também os 130 mil euros, enquanto nas funções técnicas e de suporte um responsável de regulatory affairs, pode auferir até 65 mil euros.

Hospitality & Leisure. Apesar de ter sido uma das mais afetadas pela pandemia, a área de hotelaria e do turismo continua a ser uma referência no plano económico português. A tendência este ano é idêntica à do ano passado, marcada pela estabilidade de salários e virada para a procura de funções de gestão e otimização do negócio, caso de perfis de direção geral, chefe de cozinha e sales manager. Na restauração continua a procura de posições mais operacionais, mas com um foco mais analítico, estratégico e de gestão. Já nas agências de viagens online destaca-se a procura de perfis como product managers ou business developers com um foco claro no digital. A Michael Page destaca a crescente profissionalização que se traduz por uma maior procura de candidatos com formação universitária, competências comerciais, capacidades comunicativas e de liderança. Para a função de diretor geral de operações, a remuneração varia entre 56 mil a 110 mil euros, em função da região do país, enquanto nas funções mais operacionais, como chefe de banquetes, se situa entre os 32 mil e 55 mil euros.

Portugal

Insurance. Esta área continua a ser uma forte aposta do setor bancário, nomeadamente através do canal bancassurance, sendo de assinalar um crescendo nas seguradoras associadas a bancos. A Michael Page refere que tanto as seguradoras como os corretores têm vindo a apostar na captação e retenção de talento e na readaptação interna de perfis. O setor registou particular crescimento nas funções de business development e account management, nas áreas de marketing, sobretudo no canal digital. Ao nível de áreas técnicas, mantem-se a tendência em área de risco, auditoria, atuarial e data analytics. Registou-se um aumento dos pacotes salariais em algumas áreas, com remunerações entre 14 mil a 84 mil euros, dependendo do nível de responsabilidade.

Information Technology. Manteve a tendência de crescimento, verificando-se um aumento na procura de profissionais estratégicos e especializados. O mercado tonou-se mais exigente na combinação das hard skills com as soft skills, reforçando a importância das competências de liderança, comunicação e orientação para a resolução de problemas. A constante transformação digital traduz-se no aumento da procura de perfis especializados, principalmente nas áreas de cibersegurança, IoT, cloud, CRM, ERP, machine learning e big data. O pacote salarial é dominante na guerra pelo talento neste setor, mantendo a tendência dos incrementos e com valores superiores às das outras áreas. Como referência, um diretor de sistemas de informação pode auferir entre 60 mil euros a 125 mil euros brutos, por ano.

Logística. A Michael Page destaca a forte procura de profissionais de logística e supply chain, principalmente em sectores industriais, de retalho ou de construção, e a tendência em termos de progressão salarial. Assiste-se a uma inversão neste mercado, onde a procura é já superior à oferta, em parte devido ao impacto da pandemia no sector, que está a obrigar as empresas a rever todos os processos. Os perfis mais procurados são essencialmente de middle management, com destaque para as funções de customer service, supervisor de logística, responsável de operações ou comprador sénior. Também as posições de Top management cresceram em procura, a saber: diretor de operações, diretor de logística, diretor de supply chain e diretor de compras. Na área de supply chain, a função de supply chain analyst pode auferir até 25 mil euros e um diretor de compras até 110 mil euros, enquanto na área de logística, o plafond de remuneração máximo de 80 mil euros cabe ao cargo de diretor.

Recursos Humanos. As empresas estão a investir cada vez mais na gestão e desenvolvimento dos seus talentos, com políticas avançadas de recursos humanos e foco numa abordagem analítica e interdisciplinar, constata a Michael Page. Relativamente aos candidatos, a tecnologia promove a procura de perfis transversais que contribuam com conhecimentos especializados como finanças, análises de dados e tecnologias de informação. O pacote salarial continua a ser um fator importante, mas não decisivo. Relativamente à remuneração, nas grandes empresas e multinacionais, um diretor de RH pode auferir entre 49 mil e 84 mil euros, enquanto nas PME e grupos nacionais a remuneração mais alta, para a mesma função, se situa nos 56 mil euros.

Retail. A procura de profissionais com habilitações literárias a um nível mínimo de licenciatura e/ou com especialização profissional estratégica para o core business do negócio aumentou. A criação de academias e a facilitação de acesso a cursos do ensino superior é já uma realidade vivida por muitas empresas e um claro ponto de viragem para o setor. A procura de perfis hands-on, participativos na estratégia e visionários é também opção certa para qualquer nova incorporação. Nos cargos de direção, um diretor geral pode auferir até 160 mil euros, um diretor de compras 110 mil euros e nas funções de operações de retalho não alimentar, o retail manager pode ganhar entre 42 e 63 mil euros.

Flickr

Shared Services Centres (SSC). A Michael Page assinala mudanças no mercado de SSC devido ao sucesso alcançado pelos atuais players, o que tem gerado confiança e contribuído para a atração de investidores internacionais. O scope de funções, o número de novos investidores que estão a surgir no mercado, os salários e a forma de reter candidatos, tem sido um dos maiores desafios do setor, caracterizado por uma forte competitividade. De acordo com a análise realizada, os salários neste setor mantêm-se estáveis, com as exceções relacionadas com o domínio de idiomas como alemão, flamengo e holandês, entre outras. A remuneração de um manager (head of SSC) pode atingir os 140 mil euros, de team leader até 36 mil euros, enquanto um especialista purchase-to-pay pode auferir cerca de 25 mil euros.

Sales & Marketing. Nos destaques da Michael Page está, por exemplo, o marketing digital, que continua a crescer, estabelecendo-se como uma área autónoma e não apenas uma disciplina do marketing. O MBA sobretudo para funções de management é uma mais-valia. Na área comercial, a procura recai na venda técnica e consultiva orientada para a satisfação e para a fidelização do cliente, independentemente do setor de atividade. A Michael Page assinala um aumento salarial nas funções comerciais generalistas, com o diretor comercial a liderar o topo da tabela salarial, com valores que podem chegar aos 92 mil euros. Nas funções ligadas ao marketing digital, assinala-se um plafond máximo de 84 mil euros para a função de coordenador.

Secretarial & Business Support. De acordo com a Michael Page, há a assinalar, nos últimos dois anos, uma mudança de paradigma das funções de suporte, nomeadamente com a adaptação ao trabalho remoto. A empresa assinala uma crescente procura de perfis e competências administrativas por parte das organizações, justificada pela crescente aposta de empresas multinacionais em Portugal, que têm como referência salarial outros países com índices superiores. Em termos de remunerações, como exemplo, a função de Secretária de Presidência pode auferir até 42 mil euros por ano, seguindo-se a de secretária de administração com um máximo de 38 mil euros por ano.

Tax & Legal. No caso das sociedades de advogados, a aposta continua a ser a incorporação de perfis bastante seniores, com carteira de clientes relevante e com o objetivo de desenvolver ou criar departamentos de raiz. Destacam-se com maior movimentação as áreas de corporate & M&A, fiscal, direito público, contencioso civil, direito imobiliário, laboral e comercial. Destaca-se ainda uma acentuada procura de perfis juniores na área de concorrência e energia. Já as empresas mantiveram o interesse por perfis mais generalistas e versáteis, com background nas áreas de corporate, civil e comercial, bem como algumas necessidades na área de proteção de dados. Nas consultoras, o foco continua a ser nas três áreas tradicionais: auditoria, consultoria e impostos. Como exemplos de remuneração, nas sociedades de advogados de pequena dimensão, a remuneração oscila entre 14.500 euros para um advogado estagiário e 78 mil euros para um advogado associado, nas consultoras, um diretor jurídico numa empresa média ou de grande dimensão pode auferir até 160 mil euros.

NOTA: Valores de faturação e/ou crescimento correspondentes a 2021 ao período compreendido entre janeiro e outubro, na área da grande Lisboa. O estudo de remuneração apresentado foi realizado graças ao conhecimento do mercado e à constante relação com clientes e candidatos. A informação contida neste estudo é o resultado de uma análise empírica de três fontes de informação diferentes: base de dados, perfis de candidatos e clientes e publicação de anúncios na imprensa e na internet.

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