A Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME) defende que o Programa do Governo, apresentado esta quinta-feira na Assembleia da República, “está absolutamente desajustado e define objetivos virtualmente inatingíveis” uma vez que parte de pressupostos anteriores à atual crise mundial.
“As metas de redução do défice orçamental, de 2,8% para 0,7%, entre 2021 e 2023, e de um forte crescimento do PIB, de 5% e 3,3%, em 2022 e 2023, assim como a redução da dívida pública para 100% do PIB até ao final do mandato, já não correspondem aos cálculos mais otimistas, nem às necessidades dos portugueses e das empresas nacionais”, segundo o comunicado divulgado esta tarde.
A CPPME afirma que a situação das micro, pequenas e médias empresas viu-se “dramaticamente agravada, nestes últimos meses, com brutais aumentos nas matérias-primas, bens alimentares, energia e combustíveis”, na sequência da crise inflacionista generalizada e da guerra na Ucrânia.
“Da estimativa de 0,9 %, no final de 2021, a inflação atingiu os 4,9%, no final de março, sendo certo que tal nível será largamente ultrapassado, podendo chegar aos 10% até ao fim do ano”, destaca.
De modo a responder às suas necessidades reais, a CPPME defende que “seria importantíssimo contar com a rápida execução e encerramento do Portugal 2020, que conta ainda com mais de seis mil milhões de euros por aplicar, tal como com a execução acelerada do PRR, 16.600 milhões disponíveis até 2026, e do Portugal 2030, com 23 mil milhões ao longo dos próximos nove anos, de modo a acelerar o investimento público e privado”.
Para além disso, a nota afirma que “é indispensável a introdução urgente de mecanismos reguladores que permitam às MPME absorver a repercussão do aumento dos preços das matérias-primas e dos restantes custos de contexto, bem como de medidas que ajudem a compensar a perda de valor dos rendimentos e a consequente perda do poder de compra dos cidadãos, evitando a iminente crise social, económica e política”.
A CPPME refere que já solicitou “audiências ao Governo e grupos parlamentares para apresentação circunstanciada da carta reclamativa para a legislatura 2022-2026, bem como as suas propostas para o Orçamento de Estado de 2022”.
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