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Miguel Patrício com vida difícil na Kraft Heinz

Sobre as contas do primeiro semestre, o gestor português assume que tem “muito trabalho pela frente para alterar a trajetória do negócio”.
11 Agosto 2019, 13h39

Apenas 40 dias depois de assumir a presidência da fabricante de alimentos Kraft Heinz, o português Miguel Patricio, ex-vice-presidente da ABInBev, teve um batismo de fogo. Na quinta-feira passada, a Kraft Heinz, que não apresentava resultados aos investidores desde fevereiro, revelou as contas do primeiro semestre.

O EBITDA da Kraft Heinz caiu 15% no mercado doméstico (Estados Unidos) e no total caiu 19,3% para 3 mil milhões de dólares. Já as receitas líquidas caíram 4,8% para 12,36 mil milhões de dólares. Os lucros operacionais baixaram 54,6% para 1.296 milhões de dólares e os resultados líquidos desceram 51,4% para 854 milhões de euros.

Os números foram muito mal recebidos pelos investidores. Em comunicado, Miguel Patrício assumiu : “Temos muito trabalho pela frente para definir as nossas prioridades estratégicas e alterar a trajetória do nosso negócio”. Ainda assim, o gestor diz que “no curto espaço de tempo que está na companhia, apercebeu-se da boa apreciação que os consumidores em todo o mundo têm das marcas da empresa”.

Os planos do CEO português

O novo presidente da Kraft Heinz, Miguel Patrício, tem um enorme desafio nas mãos: reerguer a companhia que parece ter ficado parada no tempo. O português, que deixou a diretoria da cervejaria AB Inbev para liderar a companhia no começo de julho, acredita que a empresa tem potencial para voltar ao topo com as mesmas marcas que a trouxeram aqui.

“A mudança é que a empresa precisa inovar, encontrar o mercado premium e ouvir o consumidor”, afirmou o executivo num post do LinkedIn. Inovação e proximidade com o cliente não são estratégias originais, mas podem ser exatamente o que a companhia precisa.

A Kraft Heinz, controlada pelo grupo 3G, já foi sinónimo de sucesso na indústria alimentar. No entanto, tem pouca adesão numa geração que procura novidades, valoriza produtos saudáveis e marcas locais. Isso levou a um cenário de queda nos lucros e no valor de mercado da companhia.

O executivo português vai tentar dar a volta a um grupo que registou prejuízos de 10,3 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de euros) em 2018, o que compara com os lucros de oito mil milhões de dólares verificados no ano anterior.

Este desempenho deveu-se à revisão, em baixa, de vários ativos intangíveis no último trimestre do ano. O grupo Kraft Heinz também está a ser investigado pelo regulador do mercado norte-americano (SEC) por alegadas práticas contabilísticas irregulares, o que levou à abertura de um inquérito interno.

“Pretendo trazer uma visão muito diferente com a minha experiência na área do consumo alimentar”, referiu o português em declarações à estação norte-americana CNBC.

 

 

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