João Bernardino afirmou à Lusa que as três forças nacionais destacadas para a capital do país têm desempenhado ações no âmbito da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (Minusca) que “a missão da ONU, organizações não-governamentais e o próprio Governo consideram muito importante”.
“Até ao momento, as forças portuguesas têm trabalhado de uma maneira normal, à imagem das outras forças da Minusca”, referiu o tenente-coronel.
O comandante do terceiro contingente português no país centro-africano vincou a importância do reforço de 30 elementos no próximo contingente, associados ao envio de seis viaturas blindadas Pandur.
“Vai contribuir para aumentar a capacidade da força, para que possa continuar a desempenhar as missões que lhes estão atribuídas. O facto de aumentar o número do pessoal tem a ver com as especificidades com as viaturas que vêm para o teatro de operações. Será, certamente, uma mais-valia para a força de reação rápida portuguesa”, disse.
João Bernardino revelou que “uma missão como esta”, numa nação em que grupos armados controlam quase a totalidade do território, “exige alguns cuidados especiais, requer até alguma profilaxia para fazer face às condições de higiene e de risco ao nível da saúde”.
“É uma missão que é preparada em Portugal, com muito cuidado. As forças nacionais destacadas efetuam seis meses de preparação antes da viagem para Bangui”, referiu.
O comandante da força de reação rápida que se encontra no Campo M’Poko, junto ao aeroporto internacional de Bangui, aludiu também à necessidade de preparação militar, a “nível técnico e tático”.
“Quando somos projetados para efetuar uma missão como força de reação rápida, temos de estar preparados para o que essa missão implica, o que quer dizer que nos preparámos em tempo para que a missão corresse e corra em segurança e que os resultados sejam positivos”, declarou.
Em cinco meses de comissão na República Centro-Africana, Bernardino recorda “duas situações” marcantes, a primeira a Operação ‘Sukula’, destinada a eliminar elementos de grupo armado muçulmano conhecido como ‘seleka’ – a que se opõem os rebeldes cristãos anti-balaka – e, a segunda, incidentes em Bambari.
Quanto aos confrontos nesta cidade, a intervenção da força acabou por ser determinante, numa operação militar que se destacou de outras “pela intensidade e pelo tempo que foi necessário para poder parar o confronto entre grupos armados e proteger as populações”.
“Conseguimos de maneira a não ter baixas e evitar que as populações tivessem também baixas nesta troca de tiros”, recordou o tenente-coronel.
Até final do ano, fonte do Estado-Maior do Exército revelou à agência Lusa que uma decisão sobre a participação dos Comandos no quinto contingente português na Minusca será tomada “no último trimestre deste ano”.
A 5.ª Força Nacional Destacada na República Centro-Africana iniciará a comissão, de seis meses de duração, em princípios de março de 2019.
Os comandos integraram a Minusca como força de reação rápida, de março a setembro de 2017, tendo sido destacados para Bambari, cidade a 384 quilómetros a norte da capital da República Centro-Africana, Bangui.
A Minusca, baseada em unidade sob vigilância francesa contígua ao aeroporto internacional de Bangui, opera na República Centro-Africana desde 2014.
O país caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do Presidente François Bozizé, pela ‘seleka’ (coligação, na língua local), de maioria islâmica, á qual de opôs um grupo de milícias cristãs (anti-‘Balaka’), desencadeando uma guerra civil ainda por terminar.
O Governo do Presidente Faustin Touadera, antigo primeiro-ministro e vencedor das eleições presidenciais de 2016, controla apenas um quinto do território.
O brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio, o militar português mais antigo na República Centro-Africana, realçou o “duplo impacto de Portugal” naquele país.
Primeiro, o comandante da Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA) assinalou “a participação da força de reação rápida na Minusca, que tem como missão fundamental a proteção dos cidadãos centro-africanos e contribuir para a segurança geral do país”.
Maio referiu-se depois à segunda intervenção portuguesa, na EUTM-RCA, que tem 45 militares portugueses entre os 170 de 11 nacionalidades que compõem a missão da União Europeia.
“A EUTM-RCA tem um papel determinante na reconstrução das forças armadas da República Centro-Africana. Este país viu as suas forças armadas serem reduzidas praticamente a zero durante os acontecimentos de 2013, o golpe de Estado. O que se trata agora é de, através da EUTM-RCA, na sua tripla vertente de conselho estratégico, educação e treino, reconstruir as forças armadas centro-africanas”, explicou.
Maio notou que “há já cerca de 3.000 militares formados pela EUTM-RCA”, que “começaram a ser projetados para todo o território nacional, por forma a contribuírem para o restabelecimento da autoridade do Estado em todo o território nacional”.
“Isso é fundamental para a estabilidade, para o regresso da paz e para o caminho do desenvolvimento da República Centro-Africana”, concluiu.
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