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Millennials norte-americanos escolhem Portugal como destino de eleição para migrar

À medida que a pandemia e o trabalho remoto transformam a maneira como se vive e trabalha, as pessoas estão a viajar mais e a ponderar mudar de carreira com base no que mais as satisfaz. Baixo custo de vida e facilidade em obter visto de trabalho, colocam Portugal como destino muito atrativo.
30 Junho 2022, 14h28

O número de norte-americanos a residir em Portugal está no nível mais alto em mais de uma década, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). No final de 2021, registaram-se sete mil pessoas nascidas nos EUA a viver no país, duas vezes mais do que durante os três últimos anos. Ainda assim, os EUA são o 24º país mais representado entre os estrangeiros residentes em Portugal.

À medida que a pandemia e o trabalho remoto transformam a maneira como se vive e trabalha, as pessoas estão a viajar mais e a ponderar mudar de carreira com base no que mais as satisfaz.

“Antes, parecia que Portugal era um destino para reformados. Agora parece que é um destino perfeito para começar de novo”, diz Mateusz Zurek, 35 anos, que se mudou da Polónia para Lisboa no início de 2021 para co-fundar um restaurante com o seu parceiro de negócios americano-canadiano, Jahmarley Grant, 28 anos. “ A barreira de entrada para abrir um negócio é super baixa”, acrescenta Grant.

A “CNBC” fez uma reportagem, deslocando-se até Portugal, para entrevistar quem escolheu o território luso para viver, de forma a perceber as suas motivações e o que torna o país tão atraente.

Uma das primeiras conclusões, é que Portugal é mais barato que muitos países ocidentais. Os estrangeiros que por cá vivem, falam na qualidade de vida proporcionada, aliada diretamente aos baixos custos que vão desde a alimentação, ao lazer, sem esquecer as contas familiares. A título de exemplo, se um carrinho de compras de bens e serviços custasse um dólar nos EUA, custaria 57 cêntimos em Portugal, segundo dados de 2020 do Banco Mundial.

A razão pela qual Portugal é mais barato do que muitos países ocidentais é porque o país “é mais pobre”, diz o economista português Ricardo Reis, professor de economia da London School of Economics and Political Science. “Muitos dos custos dos serviços que compra são custos trabalhistas. Portugal é mais pobre. Os salários são mais baixos. Portanto, os custos da maioria das coisas que exigem muita mão de obra são mais baratos”.

Portugal é muitas vezes apelidado como “a Califórnia da Europa”, com a diferença de que as praias e temperaturas em território luso podem ser desfrutadas sem os preços praticados naquele estado norte-americano. Adicionalmente, grande parte da população portuguesa fala inglês porque aprende na escola desde cedo e, regra geral, recebe bem os estrangeiros, dizem os expatriados.

Outro dos factores determinantes para a onda de estrangeiros que se mudam para Portugal, prende-se com a facilidade em obter um visto de trabalho. O mais comum, o D7, exige que os requerentes demonstrem renda mensal de pelo menos o salário mínimo português, atualmente 705 euros. A procura pelo D7 “aumentou exponencialmente nos últimos dois a três anos”, diz Mary Kuffel, consultora de investimentos da Get Golden Visa.

Kuffel observa que o D7 é “muito atingível” com comprovativo de renda e não envolve muita burocracia. Todo o processo de solicitação e aprovação normalmente leva cerca de seis a sete meses, diz Bernardo Corrêa de Sá, consultor jurídico da Get Golden Visa.

Outra opção cada vez mais popular é o Visto Gold, para quem investe entre 250 mil euros a 1,5 milhões de euros em imóveis, fundos de investimento ou doações de caridade. Após cinco anos de visto de residência, os estrangeiros podem solicitar a residência permanente e, em seguida, a cidadania. A relativa facilidade de obtenção de um visto português torna-o uma das opções mais populares para os estrangeiros que procuram um passaporte europeu, afirma Kuffel.

Portugal tambem incentiva a imigração ao conceder aos estrangeiros uma redução fiscal ao abrigo do chamado regime fiscal do residente não habitual. Os novos residentes estrangeiros estão isentos de imposto sobre qualquer rendimento tributável que recebam do exterior. Isso significa que, quem se mude para Portugal, fica isento de pagar impostos sobre os rendimentos que auferir de empresas de outros países durante dez anos, desde que seja tributado no país de origem.

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