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Ministro do Planeamento desvaloriza alta velocidade

Os três projetos ferroviários hoje assinalados pelo Governo português integram o programa Ferrovia 2020, que tem intervenções previstas em cerca de mil quilómetros, num programa de investimento avaliado em cerca de dois mil milhões de euros.
5 Março 2018, 22h22

“Neste momento, estes são os investimentos prioritários para o País, são os projetos reais e que geraram consenso”, sublinhou Pedro Marques em declarações aos jornalistas no final da sessão de consignação da empreitada de modernização do troço ferroviário entre a Covilhã e a Guarda, que decorreu ao final da tarde de hoje na cidade da Covilhã.

Questionado sobre se o asunto do TGV era um tabu para o atual Governo, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, responde que o primeiro-ministro já havia abordado o assunto.

Recorde-se que há cerca de duas semanas, António Costa, numa entrevista ao jornal espanhol ABC, dizia que o TGV era um assunto tabu em Portugal, dividindo de forma acentuada a sociedade e os partidos políticos.

“Estes é que são os projetos prioritários para o País e não os que não geraram consensos e que foram diabolizados”, destacou Pedro Marques, referindo-se à polémica enorme que se instalou em torno do projeto ferroviário de alta velocidade que o Governo de José Sócrates tentou levar por diante.

“Hoje, dia 5 de março, depois de décadas e décadas em que, no nosso país, apenas havia notícias de linhas fechadas e nunca de linhas reabertas, assinalamos aqui, na Covilhã, o início da obra de modernização da linha da Beira Baixa, que permitirá reabrir a ligação entre a Covilhã e a Guarda, que estava encerrada há uma década”, salientou o ministro Pedro Marques na sua intervenção.

Este investimento ascende a cerca de 77 milhões de euros e envolverá a modernização da via, incluindo uma renovação integral de via com 36 quilómetros de extensão; a eletrificação de todo o troço (com 46 quilómetros); a recuperação e reforço de seis pontes centenárias; a melhoria da segurança no atravessamento da via, com a eliminação e automatização de passagens de nível e a construção da concordância entre as linhas da Beira Baixa e da Beira Alta, incluindo a construção de uma nova ponte sobre o rio Diz.

A empreitada foi adjudicada, abaixo do preço-base, ao consórcio formado pelas construtoras Ramalho Rosa Cobetar e Conduril e deverá estar concluída daqui a um ano e meio.

Já durante a manhã, em Elvas, Pedro Marques, acompanhado pelo primeiro-ministro António Costa e pelo seu homólogo espanhol Mariano Rajoy, assim como pela comissária europeia para o setor dos Transportes, Violeta Bulc, assinalou o início das obras (consignação) no troço entre Elvas e o Caia, junto à fronteira espanhola, numa extensão de 11 quilómetros.

A empreitada, no valor de 23 milhões de euros, foi adjudicada à Teixeira Duarte e deverá estar concluída no primero trimestre de 2019.

Pedro Marques – e os referidos protagonistas – presidiram também à abertura do concurso público internacional para a construção da nova linha ferroviária entre Évora e Elvas, numa extensão de cerca de 94 quilómetros, naquele que é considerado o investimento nacional de maior envergadura no setor ferroviário desde há mais de um século.

A previsão do início desta obra aponta para o primeiro trimestre de 2019, enquanto a sua conclusão está estimada para o primeiro semestre de 2022.

O objetivo último desta obra será fazer a ligação ferroviária entre os portos de Sines, Setúbal e Lisboa e a fronteira com Espanha.

“Com este projeto, estamos a tirar partido da posição geoestratégica privilegiada do nosso país e do porto de Sines, em particular, ligando-o a todo o ‘hinterland’ ibérico e potenciando, assim, o desenvolvimento desse porto como grande porta de entrada de mercadorias na Península Ibérica”, defendeu Pedro Marques.

“É um dia feliz para Portugal, para a União Europeia e para os cidadãos desta região”, resumiu Violeta Bulc, comissária europeia dos Transportes, na Covilhã.

Esta responsável acrescentou que “o relógio está a contar e daqui a 18 meses, teremos aqui uma nova linha férrea, inserida num dos mais ambiciosos projetos comunitários de transportes, o Corredor Atlântico”.

“Por favor, utilizem bem esta oportunidade de aceder a um mais forte mercado único europeu, com uma capacidade de geração de 30,5 triliões de euros de PIB todos os anos”, alertou Violeta Bulc, relembrando que a opção pela ferrovia significa “ar mais limpo, estradas menos congestionadas e com menos camiões e mais segurança rodoviária”.

Os três projetos ferroviários hoje assinalados por esta maratona de cerca de oito horas pelo Interior do País, juntando os chefes de governo ibéricos e uma comissária europeia, e diversos governantes e autarcas, integram o programa Ferrovia 2020, que tem intervenções previstas em cerca de mil quilómetros, num programa de investimento avaliado em cerca de dois mil milhões de euros.

Os três projetos ferroviários hoje assinalados por esta maratona de cerca de oito horas pelo Interior do País, juntando os chefes de governo ibéricos, uma comissária europeia, e diversos governantes e autarcas e a administração em peso da IP – Infraestruturas de Portugal, integram o programa Ferrovia 2020, que tem intervenções previstas em cerca de mil quilómetros, num programa de investimento avaliado em cerca de dois mil milhões de euros.

Os fundos europeus para estes três projetos já garantiram um financiamento de 252 milhões de euros.

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