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Modric: de refugiado de guerra à glória no futebol

Esta pode ser a melhor e a pior época de sempre da carreira do futebolista. Já foi eleito o melhor jogador do ano, à frente de Ronaldo, mas também pode enfrentar uma pena de prisão até cinco anos.
25 Setembro 2018, 07h40

Nascido em 1985, Luka Modric era apenas uma criança a viver em Modrici, pequena aldeia rural da sua família, quando começou a Guerra Civil Jugoslava. O menino e a família tiveram de fugir para Zadar. Mas apesar das ruas desta cidade costeira estarem recheadas de marcas de guerra, Luka nunca deixou de jogar à bola. Com uma técnica e um controlo fora do comum, o NZ Zadar acabou por ser o primeiro clube da carreira.

Mais tarde concorreu ao Hajduk Split mas não foi aceite. Em 2002 foi convidado pelo Dínamo Zagreb para integrar as camadas jovens. Foi emprestado duas vezes a outros emblemas mais modestos, mas pegaria de estaca no Dínamo Zagreb, que lhe ofereceu um contrato de 10 anos, o que lhe permitiu comprar uma casa para a família.

Foi chamado pela primeira vez à seleção croata em 2006, numa vitória por 3-2 contra a Argentina. Na altura, Barcelona e Arsenal foram equipas que também o observaram. O facto de ser franzino pesou na possibilidade de o contratarem. Mais tarde, tanto no Tottenham como no Real Madrid, que desembolsou 35 milhões de euros pelo seu passe em 2012, não se conseguiu adaptar. E foi mesmo considerado pelos leitores do jornal Marca como o maior ‘flop’ do ano. Só que aos poucos, no clube espanhol, foi conquistando o clube e os adeptos, mostrando-se decisivo em muitos jogos.

Este ano já foi eleito o melhor jogador de 2018 pela UEFA (concorreu contra Cristiano Ronaldo e Mohammed Salah), num ano em que venceu mais uma Liga dos Campeões e disputou a final do Campeonato do Mundo pela Croácia.

Mas nem tudo corre bem na carreira do jogador. Ainda antes do Mundial, o jogador foi considerado suspeito de prestar um falso testemunho para ajudar Zdravko Mamić, ex-dirigente do Dinamo Zagreb responsável por um dos maiores escândalos de corrupção desportiva do país – e condenado por corrupção e desvio de fundos em várias transferências, sendo uma delas a de Modric, do Dinamo Zagreb para o Tottenham.

O futebolista explicou ter assinado um acordo com Mamić em 2004, que lhe prometeu metade dos lucros da sua próxima transferência. A investigação comprovou que o jogador passou a maioria desse dinheiro a Mamić. E dos 10,5 milhões de euros que supostamente receberia, ficou apenas com aproximadamente 1,95 milhões.

O Ministério Público considera que Modric poderá estar a favorecer Mamić, o que poderá significar uma pena de prisão até cinco anos por perjúrio.
Já esta semana soube-se que Luka aceitou a acusação do fisco espanhol referente a delitos fiscais, segundo o jornal El Mundo, admitindo a fraude de 870.728 euros. A pena foi fixada em oito meses de prisão, que o jogador do Real Madrid vai converter no pagamento de um milhão e 400 mil euros.

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