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Mohan Munasinghe: Nobel da Paz diz que governos são cada vez menos capazes de lidar com problemas ambientais

O professor do Sri Lanka é o primeiro convidado do ciclo de encontros do Jornal Económico. Mohan Munasinghe espera que seja possível atingir “pelo menos metade dos objetivos de desenvolvimento sustentável” até 2030.
  • Cristina Bernardo
18 Março 2019, 09h50

O especialista em alterações climáticas Mohan Munasinghe disse, esta segunda-feira, que os líderes mundiais estão demasiado centrados no curto prazo e nos círculos eleitorais, pelo que as questões relacionadas com as alterações climáticas têm passado para segundo plano.

Na conferência “O Mundo depois das das alterações climáticas”, Mohan Munasinghe disse “gosto mais deste tipo de encontros do que falar com primeiros-ministros e presidentes, pois os governos são cada vez menos capazes de lidar com este tipo de problemas”.

O professor elogiou, assim, o papel da sociedade civil e do setor privado e explicou a importância de encontrar soluções integradas para problemas que combinam vários factores.

“Estamos a eleger vários líderes há anos, que estão a focar-se no curto prazo”, referiu. O prémio Nobel da Paz recordou ainda que “existem vários objetivos de desenvolvimento sustentáveis” e que as alterações climáticas são apenas um, destacando a redução de desigualdade e a energia.

Questionado se 2030 é a deadline para salvar o planeta e reverter algumas das consequências nesta matéria, Mohan Munasinghe  disse que esse ano “é apenas uma data indicativa”. No entanto, reconheceu que “o progresso nos últimos 17 anos tem sido muito desapontante”.

No melhor cenário, o especialista espera que seja possível atingir “pelo menos metade dos objetivos de desenvolvimento sustentável”.

“Não devemos negligenciar integrar soluções. Devemos resolver estes problemas em conjunto”, disse. “Muito antes das alterações climáticas nos afetarem, estaremos numa situação catastrófica”.

Mohan Munasinghe era vice-presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas quando este organismo partilhou o Prémio Nobel da Paz de 2007 com o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore. O professor do Sri Lanka é o primeiro convidado do ciclo de encontros do Jornal Económico, do Grupo Bel e da Planetiers, que decorre na forma de um pequeno-almoço, na “Sala Belém” do Hotel Pestana Palace, em Lisboa.

Nascido a 25 de julho de 1945, Munasinghe é pós-graduado em Engenharia, Física e Economia (Cambrige, MIT, McGill e Universidade de Concórdia), recebeu doutoramentos honoris causa, escreveu centenas de livros e artigos científicos e técnicos sobre economia, desenvolvimento sustentável, alterações climáticas, poder, energia, recursos naturais, transportes, ambiente, desastres naturais e tecnologia. É membro das mais reconhecidas academias de ciência do mundo e integra as direções editoriais de jornais técnicos e científicos.

Em outubro de 2017, foi agraciado com o mais alto nível pelo governo francês. O grau de Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra, que lhe foi concedido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e que lhe foi entregue pelo embaixador da França no Sri Lanka, Jean-Marin Schun, é a mais alta condecoração honorífica francesa, instituída em 1802 por Napoleão Bonaparte.

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