Tradição é tradição, e não seria à 56ª edição do Montreux Jazz Festival que esta iria perder o fôlego. Todos os anos, aquele que é um dos mais antigos e conceituados festivais de jazz do mundo convida um artista a desenhar o cartaz do evento que tomará conta da cidade homónima, no verão, nas margens do lago Genebra.
É assim desde que um dos fundadores do Montreux Jazz Festival, Claude Nobs, lançou o repto àquele que viria a revolucionar a imagem do festival, Pierre Keller. “Não sei nada de música, a minha carreira musical acabou na banda do exército suíço. E tu, não sabes nada de arte”, comentou Keller com Nobs. E o futuro começou aqui.
No início da década de 1980, Keller assumia a direção de arte, dando início a uma história de encontros, paixões e experimentações que há muito (desde sempre?) fazem parte da história da arte gráfica. Falamos dos cartazes que acompanham o Montreux Jazz Festival desde 1982, ano em que Keller desafiou Jean Tinguely a desenhar-lhe um festival de jazz. No ano seguinte, leva a Montreux um jovem artista norte-americano então pouco conhecido, Keith Haring, e pede-lhe muito simplesmente para pintar t-shirts e cobrir as paredes e os automóveis da pacata cidade com os seus inconfundíveis “personagens”.
Uma viagem no tempo
Camille Walala, artista francesa a residir em Londres, recebeu carta branca para desenhar o cartaz para a edição deste ano. Conhecida por pintar em grande escala, usar cores explosivas e padrões geométricos, faz questão em guiar-se pelo mote “Levar a alegria a sério”.
A sua criação para a 56ª edição do Montreux Jazz Festival, que decorrerá entre 1 e 16 de julho, vai assim integrar o imenso panteão de icónicos cartazes deste histórico festival. Desde 1967, ano em que nomes como Nina Simone, Ella Fitzgerald e, claro, Miles Davis, marcavam as ondas hertzianas, que o Montreux Jazz Festival cruza o universo da música com as artes gráficas. A exposição que pode ser vista em Montreux vai, uma vez mais, celebrar esse cocktail criativo.
Nos primórdios, Milton Glaser, Shigeo Fukuda e Max Bill deram nas vistas. Em 1983, Keith Haring criou uma “trilogia” e, três anos depois, fez um novo tríptico em colaboração com Andy Warhol. A allure manteve-se irresistível e os convites seguiram o seu curso.
David Bowie aterra no “planeta Montreux” em 1995 e, à medida que o festival alargou o seu espetro musical a bandas como Radiohead, Kendrick Lamar, Muse, Pharrell Williams, Ed Sheeran, Alicia Keys, Lady Gaga e Adele, também artistas contemporâneos como Julian Opie, Sylvie Fleury, Christian Marclay, John Armleder e o fotógrafo e artista francês JR se juntaram à ‘equipa’.
O programa da 56ª edição do Montreux Jazz Festival vai ser anunciado na primavera. Pode ir consultando o site para manter-se a par das novidades, comprar bilhetes ou algum dos seus memoráveis cartazes.
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