A guerra na Ucrânia vai pressionar o sistema bancário nacional, uma vez que haverá uma deterioração das condições operacionais. Ainda assim, a recuperação da economia, que deverá crescer mais do que noutros países europeus, vai ajudar a compensar os efeitos da invasão russa, consideram os analistas da Moody’s, que mantêm uma perspetiva estável sobre a banca portuguesa.
“O sector vai enfrentar uma deterioração das condições operacionais devido à guerra na Ucrânia, assim como a maioria dos sistemas bancários europeus”, começa por referir a Moody’s numa nota divulgada esta quarta-feira.
No entanto, diz a agência de notação, “o crescimento económico em Portugal vai ser mais forte do que na maioria dos grandes países europeus”, o que vai ajudar naquele que é um período marcado por uma forte pressão inflacionista e pela retirada de medidas relacionadas com a pandemia.
“O produto interno bruto (PIB) de Portugal vai crescer 4,5% em 2022 e 2% em 2023, superando as outras grandes economias europeias, depois da contração provocada pela Covid-19 de 8,4% em 2020 e crescimento de 5,3% em 2021”, afirmam os analistas, notando que a recuperação económica foi “acompanhada por um bom desempenho do mercado laboral, com a a taxa de desemprego a situar-se no final de 2021 em níveis pré-pandémicos”.
Isto, salientam, “em conjunto com a libertação gradual das poupanças acumuladas durante a pandemia, vai apoiar” as famílias e empresas à medida que o Governo retira as medidas adotadas para responder à crise pandémica. As estimativas dos analistas apontam para que o PIB do país regresse a níveis pré-pandémicos este ano.
Sobre a dependência energética de Portugal junto da Rússia, a agência realça que o país “enfrenta um risco limitado de disrupção no fornecimento de energia, considerando a baixa dependência do gás e petróleo russos”.
Esta recuperação económica vai ajudar a minimizar eventuais dificuldades dos clientes bancários em pagarem as suas dívidas junto da banca, nomeadamente perante a subida dos preços mas também o potencial aumento das taxas de juro. Isto vai reduzir o poder de compra das famílias e encolher as margens das empresas.
“Prevemos um aumento moderado dos empréstimos problemáticos, mas as provisões substanciais que foram constituídas em 2020 e 2021 vão permitir que os bancos absorvam as perdas”, notam. Por outro lado, os “rácios de capital vão manter-se estáveis, embora continuem fracos em comparação com os bancos europeus”, rematam.