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Moody’s vê peso da dívida portuguesa a cair mais rapidamente do que noutros países

Em entrevista ao Jornal Económico, a analista da Moody’s que acompanha o rating de Portugal na agência de notação financeira, Sarah Carlson, diz que “o trabalho árduo foi feito antes da pandemia”, permitindo colocar “Portugal numa posição relativamente vantajosa para lidar, do ponto de vista orçamental, com todos os custos associados à gestão” da crise.
10 Fevereiro 2021, 18h00

A elevado peso da dívida representa um desafio para o rating de Portugal, mas o “trabalho árduo” feito antes da pandemia preparou o país para lidar com os custos associados à crise. A perspetiva é de Sarah Carlson, vice-presidente sénior da Moody’s e que acompanha o rating de Portugal na agência de notação financeira, e que vê o peso da dívida portuguesa a cair mais rapidamente do que noutros países.

Em entrevista ao Jornal Económico, a analista assinala que “uma dívida elevada é um desafio fundamental para o perfil de crédito soberano de Portugal”. No entanto, sublinha que “o trabalho árduo foi feito antes da pandemia, o que resultou num pequeno excedente orçamental e em mais de 3% de excedente primário”, preparando o país para os desafios macroeconómicos que se seguem.

“Isso colocou Portugal numa posição relativamente vantajosa para lidar, do ponto de vista orçamental, com todos os custos associados à gestão da pandemia”, vincou. “Esperamos que este ano o peso da dívida retome a trajetória descendente”.

A Moody’s projeta que o rácio da dívida pública face ao PIB caia para 133% este ano e diminua para 129,1% em 2022. “Projetamos uma pequena queda este ano e um maior declínio no próximo ano. O nível é alto, mas esperamos que começa lentamente comece a diminuir e até mais rapidamente do que noutros países”, acrescenta Sarah Carlson.

A analista admite ainda que a agência projeta uma recuperação mais modesta no primeiro semestre do ano devido às novas medidas de restrição decretadas pelo governo para conter a propagação da pandemia e achatar a curva de contágios. No entanto, o segundo semestre deverá compensar, com uma maior recuperação, que contribui para a expansão de 3,7% na totalidade deste ano.

“Esperamos que a época turística de 2021 seja melhor do que a de 2020”, antecipou sobre o impacto do setor na economia portuguesa. Contudo, admitiu que não deverá regressar ainda aos níveis de 2019.

A sustentar a perspetiva está a expectativa de grande parte da população europeia esteja vacinada até ao verão e que estas estejam mais disponíveis para viajar. Aponta ainda “outras razões estruturais” que podem apoiar o setor do turismo em Portugal.

“Ao contrário de outros países com uma elevada dependência do turismo, é possível ir de carro para Portugal”, exemplificou, dando ainda como exemplo o “volume de turismo doméstico” no país, bem como “a grande diáspora que vive na Europa e para quem viajar para Portugal não são apenas férias, é também uma oportunidade de ver os pais, irmãos, amigos. Esse é o tipo de viagem que retoma mais rápido do que apenas uma viagem de férias”.

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