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MP abre inquérito a empresas acusadas de poluir Tejo

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, adiantou este sábado, que se está a “atacar, desde já”, o “problema agudo” de poluição no Tejo, em Abrantes, bem como a realizar análises à espuma.
27 Janeiro 2018, 15h58

O Ministério Público instaurou um inquérito a empresas de Vila Velha de Rodão, na sequência de uma participação de crime de poluição do rio Tejo apresentada pelo Ministério do Ambiente, revelou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR), sem esclarecer a designação das empresas nem especificar o número.

O inquérito está a ser “dirigido pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Castelo Branco”. “Neste inquérito, o Ministério Público é coadjuvado pela Polícia Judiciária de Coimbra, com a colaboração da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), entidades que se encontram a realizar diligências de investigação”, acrescenta a PGR.

A SIC adiantou que as empresas alvo de inquérito são Navigator, Celtejo e Paper Prime.

Desde quarta-feira que se verifica um foco de poluição no rio Tejo, na zona de Abrantes. Um manto de espuma branca continua a cobrir o açude de Abrantes e uma zona de Alvega, com o grupo ambientalista proTEJO – Movimento pelo Tejo a classificar o cenário como “dantesco”.

O ministro do Ambiente afirmou este sábado, 27 de janeiro, em Montalegre, que se estava a “atacar desde já” o “problema agudo” de poluição no Tejo, em Abrantes, adiantando que se procedia a análises à espuma, enquanto se trabalhava em soluções. “Neste momento, confrontamo-nos com duas coisas: um problema agudo de poluição, que tem por detrás um acumular de condições de consolidação de matéria orgânica que, em anos de muito pouca chuva, não tiveram forma de se poder diluir. E vamos atacá-lo desde já”, afirmou João Matos Fernandes (na foto).

O ministro reuniu-se com responsáveis da EDP, da Águas do Vale do Tejo, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e consultores da Universidade Nova, e assegurou que já foram feitas no terreno colheitas das próprias espumas, junto às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e das indústrias. As análises à água e à espuma, cujos resultados demoram cerca de uma semana, permitirão “perceber quais são os agentes de poluição”, e assim “chegar aos potenciais agentes poluidores”.

“Nós não podíamos, em face de um fenómeno de poluição com esta dimensão, deixar nada de fora e, por isso, fomos a todas as ETAR, nomeadamente as das Águas do Vale do Tejo, que são uma empresa pública da qual eu sou o último responsável, para podermos perceber como são as condições de descarga neste momento”, referiu.

Na quinta-feira, acrescentou, foram instalados sensores nestas estações de tratamento de águas, os quais serão recolhidos hoje e enviados para análise no Instituto Superior Técnico.

Igualmente na quinta-feira, fonte oficial do Ministério do Ambiente tinha indicado à Lusa que o foco de poluição levou à realização de ações de inspeção extraordinárias em Abrantes e Mação e sublinhou que estava por identificar a origem do problema.

A Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri, em Vila Velha de Ródão, disse que é “totalmente alheia” aos recentes fenómenos de poluição no rio Tejo e adianta que “cumpre escrupulosamente” a regulamentação ambiental nacional.

Hoje, seis camiões cisterna começaram a remover a espuma de poluição concentrada junto do açude em Abrantes, distrito de Santarém, mas a associação ambientalista Quercus afirmou ser uma “operação estética”, lembrando que a poluição persiste.

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