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MP e Hospital de Portalegre abrem inquérito a morte de bebé de oito dias

As circunstâncias da morte de um bebé de oito dias, por alegada falta de socorro médico, vão ser alvo de um inquérito instaurado pela Unidade de Saúde do Norte Alentejano. Segundo a revista Sábado, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) “do hospital de Portalegre não estava operacional”.
28 Janeiro 2022, 17h49

O Ministério Publico (MP) revelou esta sexta-feira que instaurou um inquérito para apurar as causas da morte de um bebé de oito dias, na quinta-feira, no hospital de Portalegre, por alegada falta de socorro médico.

Em resposta a questões colocadas pela agência Lusa, por correio eletrónico, o MP de Portalegre anunciou que foi instaurado este inquérito naqueles serviços para a averiguação das causas da morte da criança.

A Unidade de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) revelou também esta sexta-feira que vai instaurar um inquérito para apurar as circunstâncias da morte no hospital de Portalegre de um bebé de oito dias, por alegada falta de socorro médico.

Contactado pela Lusa, o porta-voz da ULSNA, Ilídio Pinto Cardoso, disse que a administração daquela unidade hospitalar vai avançar com o inquérito e tomar uma posição sobre este caso “mais tarde”.

A administração da ULSNA está reunida esta manhã, com caráter de urgência, para analisar esta situação.

A revista Sábado noticiou a morte de um bebé de oito dias, na quinta-feira, no hospital de Portalegre, “por falta de socorro médico”.

Segundo a notícia da revista, “o socorro foi pedido pelo pai da criança e os bombeiros foram acionados às 9:33”, depois de o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ter dito que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) “do hospital de Portalegre não estava operacional”.

A publicação apurou ainda, junto de fontes do CODU, que a VMER “a viatura médica de emergência não estava disponível às 20:00 desta quinta-feira por falta de médico para a tripular”.

A informação foi “confirmada pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Portalegre”, Pedro Bezerra, que afirmou que, num caso como este, “é evidente que o apoio médico teria decidido a situação”.

“Os meus homens fizeram manobras de reanimação cardiorrespiratória no local e até chegar ao hospital, mas não foram suficientes”, acrescentou o comandante.

A revista sublinhou ainda que as circunstâncias da morte “ainda são desconhecidas” e que, no pedido de socorro, os bombeiros “foram apenas informados” de que o bebé “estava mal”.

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que aciona a VMER, está a apurar o sucedido, avançou também a Sábado.

A Lusa contactou hoje o INEM, mas está a aguardar ainda esclarecimentos sobre esta situação.

Ordem dos Médicos exige investigação a morte de recém-nascido no hospital de Portalegre
A Ordem dos Médicos (OM) defendeu esta sexta-feira que a morte de um recém-nascido no hospital de Portalegre, por “alegada falha” no socorro, deve ser “rapidamente investigada e esclarecida”, por configurar “uma situação muito grave”.

“A morte deste bebé tem de ser investigada até às últimas consequências para que todas as possíveis falhas sejam rapidamente corrigidas e a confiança da população na resposta de emergência seja restabelecida”, disse o bastonário da OM, Miguel Guimarães, em comunicado.

No comunicado, a Ordem dos Médicos aludiu às “informações vindas a público sobre a morte de um recém-nascido que acabou por ser transportado para o hospital de Portalegre pelos bombeiros sem ter sido assistido” pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Esta situação, caso se tenha verificado, configura “uma situação muito grave e que deve ser rapidamente investigada e esclarecida”, pode ler-se no comunicado.

“Temos conhecimento de vários buracos nas escalas das equipas médicas de suporte avançado de vida em várias zonas do país”
A OM referiu que já “por diversas vezes” alertou “que a Emergência Médica Pré-Hospitalar representa uma área fulcral para o sucesso do sistema de saúde” nacional e que “qualquer disrupção no funcionamento deste sistema pode ter consequências negativas e imprevisíveis”.

“Temos conhecimento de vários buracos nas escalas das equipas médicas de suporte avançado de vida em várias zonas do país”, das equipas que integram as VMER e que “devem ser acionadas para situações mais delicadas, como a de Portalegre, pelo que nenhuma falha é admissível”, argumentou o bastonário da OM, afirmando que se trata de “uma área em que não podem ser permitidas falhas conjunturais, mas ainda menos estruturais”.

A OM lembrou que esta notícia “surge apenas uma semana depois de o bastonário ter enviado um ofício ao presidente do INEM, precisamente pelas centenas de horas que as VMER estavam inoperacionais”, e, agora, Miguel Guimarães “vai voltar a questionar o presidente do INEM sobre estas falhas”.

“Miguel Guimarães pediu as escalas de todo o país nos últimos seis meses e questionou o que está a ser feito para ultrapassar os constrangimentos que colocam em causa o socorro imediato a muitos portugueses”, mas esse ofício “ainda não mereceu resposta”.

Segundo a OM, “é crítico conhecer as escalas e cruzar esses mesmos dados com o número de casos em que o apoio das equipas das VMER era o mais adequado, mas que não foi acionado por falta de meios”.

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