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Direções dos partidos da oposição de direita têm três vezes menos mulheres do que homens

Rui Rio reconheceu que o número de mulheres nas listas do PSD ficou “muito aquém” daquilo que queria, mas ainda assim mantém duas vice-presidentes. No CDS-PP a prevalência de dirigentes do sexo masculino é a regra, mas também Iniciativa Liberal e Chega ficam bastante longe da paridade.
  • Rui Rio com Isabel Meirelles
10 Fevereiro 2020, 08h09

A lista para a Comissão Política Nacional do PSD apresentada por Rui Rio e aprovada neste domingo pelos congressistas sociais-democratas reunidos em Viana do Castelo veio confirmar o fraco peso das mulheres nos partidos com representação parlamentar à direita do Governo do PS. Considerando os órgãos dirigentes do PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal e Chega – todos presididos por homens desde que Francisco Rodrigues dos Santos sucedeu a Assunção Cristas na liderança dos centristas -, há três vezes menos mulheres do que homens, sendo apenas 15 entre os 60 dirigentes de topo desses partidos.

Apesar de Rui Rio ter reconhecido durante o congresso que tinha um défice de representação feminina nas listas, reflexo daquilo que considerou ser a falta de participação de mulheres na vida interna, a verdade é que o PSD ainda é, entre esses quatro partidos, aquele que conta com mais mulheres entre o “núcleo duro” responsável pela condução política e operacional. Manteve duas vice-presidentes, pois Isabel Meirelles permanece em funções e a ex-presidente da Câmara de Rio Maior, Isaura Morais, compensa a saída da ex-bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga.

“Fiz um esforço enorme por conseguir ter mais mulheres nas listas. Está muito aquém daquilo que eu queria, mas não consigo inventá-las”, disse o presidente reeleito do PSD, que terá também como novo vice-presidente o deputado André Coelho Lima e manterá nesse cargo David Justino, Nuno Morais Sarmento e Salvador Malheiro, bem como o secretário-geral José Silvano. As três outras mulheres da Comissão Política Nacional são as vogais Fátima Ramos, Paula Calado e Paula Cardoso, juntando-se a sete homens, incluindo o “Centeno de Rio” Joaquim Sarmento Miranda, co-autor do programa económico que os sociais-democratas apresentaram às legislativas de 2019.

Muito menor é a participação feminina na liderança do CDS-PP saída do congresso de Aveiro, pois Francisco Rodrigues dos Santos conta com um “núcleo duro” integralmente masculino, seja nos sete vice-presidentes (Filipe Lobo d’Ávila, Miguel Barbosa, Artur Lima, António Carlos Monteiro, Francisco Laplaine Guimarães, Paulo Duarte e Sílvio Cervan), no secretário-geral Francisco Tavares e no coordenador autárquico Fernando Barbosa. Apenas Isabel Meneres Campos e Lídia Brás Dias têm assento no órgão dirigente dos centristas, na qualidade de vogais, ao lado de Raul Almeida e José Miguel Garcez. Com apenas duas mulheres e 12 homens, é no CDS-PP que a direção é menos paritária.

Confrontado com o contraste em relação à direção de Assunção Cristas, na qual a atual líder do grupo parlamentar Cecília Meireles era vice-presidente e havia mais quatro mulheres entre os oito vogais da Comissão Executiva, Francisco Rodrigues dos Santos justificou que as listas “foram compostas mediante critérios de perfil para o exercício das funções”. Certo é que mesmo tendo em conta a muita alargada Comissão Política Nacional, que tem mais quatro dezenas de vogais, surgem apenas mais quatro mulheres, sendo que uma delas, Rosa Guerra, tem a particularidade de ser a sogra do novo presidente do partido, ainda que já integrasse o mesmo órgão com Cristas e presidisse à distrital de Leiria do CDS-PP.

Relativa paridade encontra-se na Iniciativa Liberal, cujos órgãos dirigentes foram eleitos na convenção de 8 de dezembro de 2019 que selou a passagem de testemunho de Carlos Guimarães Pinto para João Cotrim Figueiredo. O deputado único do partido tem um “núcleo duro” quase exclusivamente masculino, com o vice-presidente João Luís Serrenho, o secretário-geral Miguel Rangel e o tesoureiro Bruno Mourão Martins, havendo entre os restantes três vice-presidentes setoriais uma única mulher, Mónica Mendes Coelho, que tem a seu cargo as áreas de Imprensa e Relações Públicas. Assim sendo, a verdadeira paridade existe apenas entre os 12 vogais, com seis mulheres: a gestora Carla Castro, a professora universitária Catarina Maia, a antropóloga Filipa Osório, a estudante universitária Maria Castello-Branco, a jurista Mariana Nina e a farmacêutica Olga Baptista.

Já a Comissão Política do Chega, eleita em junho de 2019, pelo que é a que se encontra em funções há mais tempo entre a oposição parlamentar à direita do PS, é praticamente monolítica, pois ao lado de André Ventura estão os vice-presidentes Diogo Pacheco de Amorim, José Dias e Nuno Afonso, sendo Lucinda Ribeiro a única mulher entre cinco vogais.

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