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“Nada muda” ou “má notícia”. Partidos criticam escolha do novo ministro da Saúde

O presidente do PSD, Luís Montenegro, antevê dificuldades na governança de Manuel Pizarro e tem pouca confiança de que “vá conseguir obter bons resultados”.
9 Setembro 2022, 20h04

Manuel Pizarro foi anunciado esta sexta-feira como novo ministro da Saúde, sucedendo a Marta Temido, e as críticas rapidamente se fizeram ouvir, da esquerda à direita. Os partidos desejam sorte ao próximo responsável pela pasta da Saúde, mas temem que a opção do primeiro-ministro signifique continuidade em vez de mudança.

O Partido Social-Democrata (PSD) foi o mais censurador, ao considerar que o Governo está “tomado por núcleo restrito do Partido Socialista (PS)” e que António Costa “já só consegue recrutar nos fervorosos dirigentes do PS”. O presidente do PSD, Luís Montenegro, antevê dificuldades na governança de Manuel Pizarro e tem pouca confiança de que “vá conseguir obter bons resultados”, segundo comentou aos jornalistas, a partir de Arganil.

Ainda antes destas declarações, Ricardo Baptista Leite disse à “Lusa” que “escolha de Manuel Pizarro demonstra que António Costa, enquanto primeiro-ministro, está cada vez mais limitado àquilo que é o aparelho socialista”, “sem desprimor para a experiência passada de Manuel Pizarro como eurodeputado e como secretário de Estado da Saúde no tempo do primeiro-ministro José Sócrates”.

De acordo com o deputado, aquilo que preocupa os sociais democratas são as afirmações de Costa aquando da demissão de Marta Temido, “quando afirmou que, independentemente de quem viesse a ser o próximo ministro, que não estaria disponível para mudar de política, de rumo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Além destes cargos governativos, entre 2008 e 2011, Manuel Pizarro foi médico no Centro Hospitalar e Universitário de São João e diretor clínico do Hospital da Ordem da Trindade, na cidade do Porto.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, recorreu à sua conta oficial de Twitter para lamentar a falta de mudança que o novo ministro significa. “A escolha do novo ministro não garante qualquer mudança. Salvar o SNS exige fixação de profissionais, mais investimento e menos vetos de gaveta. Nada muda com a mesma política”, alertou a líder bloquista, na publicação nessa rede social.

Na mesma ótica, embora de outro espectro político, o Iniciativa Liberal (IL) foi taxativo: a escolha de Manuel Pizarro é uma “má notícia” e “significa que António Costa está contente com o estado da saúde e que não tem qualquer intenção de mudar as políticas que têm conduzido o SNS ao colapso”. Num vídeo enviado à imprensa, a deputada da IL Joana Cordeiro critica que, no Executivo, caiba “sempre mais um fiel do aparelho do PS”.

A porta-voz do PAN admitiu que esperava que o novo ministro da Saúde fosse alguém que viesse do “ativo dos profissionais de saúde”, mas reconhece que Manuel Pizarro deverá conhecer o contexto de carências na política de saúde “preventiva e de proximidade”. Inês Sousa Real espera que o governante – que toma posse amanhã à tarde e até agora era eurodeputado – solucione efetivamente os problemas do SNS e que não seja só “um ministro no papel”.

O Partido Comunista Português (PCP) referiu à Lusa que o Governo demonstra, com esta decisão, “não quer fazer aquilo que é necessário” para o SNS. Ou seja, “restabelecer as carreiras dos profissionais de saúde, carreiras estáveis com remunerações justas, que permitam a sua realização pessoal e profissional, com um estímulo que nós defendemos – e que este Governo não tem querido defender – que é à dedicação exclusiva”, na opinião do deputado do PCP João Dias.

Já o próprio Manuel Pizarro, ainda no cargo de eurodeputado socialista, disse, num evento do PS na Batalha que, “perante a importância deste sector da saúde” e do seu “percurso profissional enquanto médico não podia recusar este convite”. “Regresso a Portugal cheio de determinação e vontade de trabalhar em favor da saúde dos portugueses e em defesa do SNS”, afiançou, prestando ainda homenagem à sua antecessora.

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