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“Não é por decreto que se resolvem os problemas”. U.Porto reage a decisão de Manuel Heitor

O Reitor Sebastião Feyo de Azevedo considera que cortar vagas em Lisboa e no Porto não é a solução para combater a desertificação do interior.
  • U,Porto
    DR
26 Fevereiro 2018, 14h15

Sebastião Feyo de Azevedo, Reitor da Universidade do Porto reagiu à decisão anunciada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, de reduzir 5% do número de vagas no ensino superior em Lisboa e no Porto, já no próximo ano, a pedido do Jornal Económico: “Seria mais benéfico que esta medida pudesse ser debatida e discutida entre todos os intervenientes fora da praça pública, mas infelizmente foi através da comunicação social que os reitores tiveram conhecimento desta proposta.”

Apesar de tudo, refere, esta é uma questão de forma. No que respeita à substância da medida, o mais importante, o Reitor da U.Porto não considera que esta seja a solução para combater a desertificação do interior. “Penso que a defesa da integridade territorial é um tema que nos une a todos no país e um tema que tem sido bastante caro à Universidade do Porto, mas não é por decreto que se resolvem estes problemas”, afirmou ao Jornal Económico.

Na verdade, acrescenta, “a solução deveria passar pelo fomento da cooperação entre instituições do ensino superior, à medida do que por exemplo a Universidade do Porto tem realizado com a UMinho e a UTAD no consórcio UNorte.pt.

No âmbito deste consórcio, ainda o único do país, as três universidades elaboraram já diversas propostas conjuntas, que Sebastião Feyo de Azevedo, acredita poderem contribuir “em muito maior medida para uma racional distribuição de recursos entre litoral e interior, levando para este território atividades que de outra forma dificilmente terão”. No entanto, acrescenta, “posso dizer que temos preparados e avaliados sete grandes projetos de investigação e inovação conjunto, cujo financiamento ainda não foi aprovado, apesar das insistências das instituições envolvidas.”

Por outro lado, segundo o Reitor da U.Porto, a redução no número de vagas pode ser contraproducente para muitas famílias, já que potencialmente penaliza os alunos que entrariam nas universidades das suas regiões e que terão de optar ou pela entrada em universidades privadas ou pela deslocalização para outra zona.

Finalmente, este é apenas mais um exemplo da instabilidade legislativa à qual as universidades têm sido submedidas, conclui Sebastião Feyo de Azevedo: “A administração pública não tem a flexibilidade de ajustar os recursos humanos para esta flutuação de estudantes; não queremos, nem devemos, ter de reajustar o número de professores, mas é uma realidade que temos de ponderar com esta medida do Governo.”

 

 

 

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