É assustador que uma pesquisa no Google pela expressão “pessoas como ativo mais importante” encontre, em apenas 0,46 segundos, 87,5 milhões de resultados. Se perguntar à generalidade das empresas qual o seu ativo mais importante a resposta, arrisco-me a dizer em 99% dos casos, será “as Pessoas”. E são as pessoas, desde logo, porque somos nós que constituímos aquilo a que chamamos a Humanidade, o conjunto de seres humanos que habitam este planeta.

A questão chave nesta pergunta tantas vezes colocada deve antes ser: como é que, na prática, se reflete essa importância em termos salariais, benefícios, equilíbrio trabalho/família, bem-estar, entre outras dimensões? É escusado escrever que sem as pessoas não há empresas e que o investimento que é feito nas pessoas ocorre devido ao conhecimento, know-how, inovação, progresso, etc., que estas podem trazer à entidade que as contrata.

“A minha empresa é a minha segunda casa” está certamente no topo das expressões que mais ouvimos. Na maioria das vezes, os colaboradores utilizam-na pelo número de horas que passam no local de trabalho e não necessariamente por se sentirem bem no local onde passam tantas horas. É por isso que o tempo destas pessoas deve ser menos quantitativo,  Chronos – número de horas passadas, e pode ser mais Kairos – a forma/qualidade como são passadas.

Os colaboradores são os primeiros e mais genuínos embaixadores das nossas marcas, empresas. Mas só o são verdadeiramente se o sentirem, no dia a dia, na forma como a empresa os trata, os recebe, comunica com eles e espera feedback com vista a uma melhoria constante.

Sabemos que o salário é como o oxigénio: cada aumento esgota-se em pouco tempo e o que se segue é quase uma necessidade fisiológica de novo aumento. Sem esquecer que um salário deve corresponder às competências, dedicação e know-how de cada colaborador. É assim que, nesta sequência, aparecem os benefícios “extra” que são atribuídos e que têm um papel fundamental no envolvimento das pessoas (engagement, na expressão anglo-saxónica).

As empresas vanguardistas já se aperceberam que, a prazo, um maior investimento em planos de Felicidade, Saúde e Bem-estar das suas pessoas, representam melhorias para a empresa, graças ao aumento da dedicação e empenho que gera nos colaboradores e que se repercute no desempenho da empresa.

E porque nos últimos meses temos falado tanto de vacinas, de tratamentos e de saúde, é absolutamente vital que os colaboradores recebam uma injeção que lhes alimente o espírito, a carteira e a mente.

O maior elogio que uma Comissão Executiva pode receber é ver os seus colaboradores partilharem, proativamente e de forma genuína, iniciativas da empresa; comentarem que se sentem retratados – porque foram antes ouvidos – em determinada ação, seja interna, seja de responsabilidade social, por exemplo; que inundem as redes sociais de corações e abraços quando veem o nome da sua empresa retratado positivamente numa notícia ou página publicitária; que se revoltem, como se de um ente familiar se tratasse, quando se confrontam com um comentário ou notícia menos positiva que afeta a “família”.

Como escreve D. José Tolentino Mendonça no livro “O que é amar um país – O poder da Esperança”: “Quando arquitetamos uma casa não podemos esquecer que, nesse momento, estamos também a construir a cidade. E quando pomos no mar a nossa embarcação não somos apenas responsáveis por ela, mas pelo inteiro oceano”.

O mesmo é dizer que nenhum homem é uma ilha e que nenhuma empresa vive sem o seu ativo mais importante, que são as suas pessoas.