[weglot_switcher]

“Não há uma sobrecapitalização da TAP”, diz secretário de Estado das Finanças

João Nuno Mendes não considera que a TAP esteja sobrecapitalizada para a tornar mais atrativa no processo de privatização em curso e lembra que “durante dez anos não se pode colocar mais um euro de ajuda do Estado” na companhia aérea.
  • O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, intervém durante uma conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, 13 de maio de 2021. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
2 Junho 2023, 12h31

O resgate de 3,2 mil milhões de euros colocado na TAP era necessário, considera o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, que esta sexta-feira é ouvido na comissão parlamentar de inquérito à TAP. O responsável admite que o valor de injeção de capital na companhia aérea é elevado, mas que se justifica pela complicada situação financeira da empresa.O governante rejeita que a TAP esteja sobrecapitalizada para a tornar mais apetecível a acionistas privados num contexto de privatização.

“Não há uma sobrecapitalização” da TAP, sublinha o secretário de Estado em resposta ao deputado Bruno Dias (PCP), que mencionou linhas do plano de reestruturação. Diz o deputado que esse plano – ainda não tornado público – antevê uma melhoria significativa dos capitais próprios da companhia aérea. Contudo, Bruno Dias abstém-se de mencionar números, uma vez que são confidenciais, mas admite que o documento antecipa um encaixe simpático para o Estado, no caso da empresa ser vendida.

“A TAP não está amplamente sobrecapitalizada, para a tonar mais atrativa neste processo de privatização?”, pergunta ao governante. “É que é como vender um cofre cheio de dinheiro”, diz ainda.

João Nuno Mendes é categórico ao negar essa sobrecapitalização, lembrando que as contas da empresa ainda antes da pandemia não eram nada positivas: já no final de 2019, no caso da TAP SGPS, os capitais próprios negativos rondavam os 581 milhões de euros. Na TAP SA, esse valor era de 135 milhões, aponta o secretário de Estado. No final do ano passado, e já depois de injetados 3,2 mil milhões “a TAP fica com 418 milhões de euros de capitais próprias positivos”, diz.

O secretário de Estado considera que a companhia aérea regista “um crescimento forte, com o negócio a crescer”, e que apesar de ter uma melhoria no EBITDA, “tinha uma estrutura financeira muito alavancada”, desde logo pelas rendas dos aviões e pelos diversos financiamentos bancários.

Por isso, “há mais riscos”, assume, no caso de uma crise (como a pandemia). “Deparámo-nos com um cataclismo na TAP”, resume.

Sendo o próprio o responsável pelas privatizações, dentro das Finanças, é claro ao dizer que a capitalização não foi pensada para se repetir no futuro até porque “durante dez anos não se pode colocar nem mais um euro de ajuda do Estado” na empresa.

“O objetivo da Comissão Europeia era precisamente que essa sobrecapitalização não acontecesse”, explica, lembrando que também importava pensar numa capitalização “que resistisse no tempo”.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.