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“Não podemos ficar parados” perante as ameaças da China, disse Pelosi em Taiwan

Não podemos ficar parados enquanto o PCC [Partido Comunista Chinês] continua a ameaçar Taiwan — e a própria democracia”, disse Pelosi, citando a “repressão brutal” da China contra a dissidência política em Hong Kong. Aviões de guerra chineses sobrevoaram a linha que divide o Estreito de Taiwan na terça-feira antes da sua chegada.
2 Agosto 2022, 17h08

Logo depois de desembarcar em Taiwan, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse que os EUA não podem ficar parados perante as ameaças da China, segundo a “Reuters”.

“Não podemos ficar parados enquanto o PCC [Partido Comunista Chinês] continua a ameaçar Taiwan — e a própria democracia”, disse Pelosi num artigo de opinião do “Washington Post”, que citando a “repressão brutal” da China contra a dissidência política em Hong Kong, bem como o seu tratamento aos uigures muçulmanos e outras minorias, que os Estados Unidos consideraram genocídio.

“A visita da nossa delegação do Congresso a Taiwan honra o compromisso inabalável dos Estados Unidos em apoiar a vibrante democracia de Taiwan”, disse em comunicado após o desembarque. “A solidariedade da América com os 23 milhões de habitantes de Taiwan é mais importante hoje do que nunca, pois o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia”.

Esta é a primeira visita deste tipo em 25 anos e que corre o risco de deteriorar gravemente as relações entre Washington e Pequim uma vez que gerou várias advertências por parte de representantes chineses relativamente às consequências para os EUA.

Aviões de guerra chineses sobrevoaram a linha que divide o Estreito de Taiwan na terça-feira antes da sua chegada, e os media estatais da China disseram que o Exército de Libertação Popular realizará exercícios perto de Taiwan de quinta-feira a domingo.

O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse após a chegada de Pelosi que os Estados Unidos “não serão intimidados” por ameaças ou retórica belicista da China. Kirby acrescentou que a visita não é uma violação de qualquer questão de soberania ou da “política de uma só China” dos Estados Unidos. “Não há razão para esta visita se tornar um evento estimulante para uma crise ou conflito”, concluiu.

O gabinete presidencial de Taiwan disse que a presidente Tsai Ing-wen se vai reunir com Pelosi na manhã de quarta-feira e almoçará com ela. Quatro fontes disseram que também se deve encontrar na tarde de quarta-feira com um grupo de ativistas que falam abertamente sobre o histórico de direitos humanos da China.

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos e a sua delegação desembarcaram no Aeroporto Songshan, no centro de Taipei, e foram recebidos pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, e Sandra Oudkirk, a principal representante dos EUA em Taiwan.

Bonnie Glaser, especialista em Taiwan do think thank americano German Marshall Fund, disse que o dano às relações americano-chinesas causado pela visita de Pelosi seria difícil de reparar: “Todos nós sabemos o quão mau foi esse relacionamento no ano passado. E eu só acho que esta visita de Nancy Pelosi vai levá-lo a um novo patamar. Vai ser muito difícil se recuperar disso”.

De acordo com a a “Lusa”, a China reivindica soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá, em 1949, depois de perder a guerra civil contra os comunistas. Taiwan, com quem o país norte-americano não mantém relações oficiais, é uma das principais fontes de conflito entre as duas superpotências mundiais principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar em caso de conflito.

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