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Banco de Portugal: economia está a revelar “notável capacidade de ajustamento”, mas juros preocupam

Banco central antecipa que recuperação económica vai prosseguir, embora envelhecimento e emigração sejam um “travão” ao crescimento.
3 Maio 2017, 12h00

O Banco de Portugal (BdP) considera que a economia portuguesa “tem revelado uma notável capacidade de ajustamento macroeconómico”, mas está preocupado com os níveis de juros a que o país está a financiar-se. Com eventuais períodos de “volatilidade elevada” nos mercados financeiros, haveria efeitos “ampliados” numa economia endividada como a portuguesa.

No boletim económico publicado hoje, que avalia o desempenho do país no ano passado, os economistas do banco central notam melhorias. Embora o país tenha registado um crescimento “moderado” no ano passado, houve uma “forte aceleração no segundo semestre”. Na segunda metade do ano, o PIB subiu 1,9%, “dando sinais de que a recuperação da economia portuguesa tenderá a prosseguir”.

O consumo privado “continuou a apresentar um crescimento forte, em particular no último trimestre do ano, traduzindo a confiança dos consumidores”, devido ao aumento do rendimento disponível das famílias e a recuperação no mercado de trabalho. As condições no mercado de trabalho “continuaram a evidenciar uma recuperação significativa, num quadro de maior dinamismo salarial”.

O investimento diminuiu, mas apresentou “um perfil de recuperação intra-anual e uma aceleração na componente empresarial”. Nas exportações, o crescimento foi superior ao crescimento da procura externa, traduzindo um novo ganho de quota de mercado. Já o défice da administração pública registou uma diminuição para 2% do PIB, “num cenário de estabilização do saldo estrutural e de redução do saldo primário estrutural”.

As preocupações

Contudo, o regulador não esconde o receio de eventuais perturbações nos mercados financeiros e com o nível de juros. “Num contexto de baixo crescimento económico, a existência de elevada volatilidade e de fortes valorizações nos mercados financeiros pode conduzir a perturbações na economia internacional, que tenderão a ser ampliadas nas economias mais endividadas”.

Por outro lado, refere o boletim económico, a subida da inflação na área do euro e o aumento do objetivo de taxa de juro por parte da Reserva Federal “contribuem para manter preocupações com a evolução das taxas de juro às quais se financia a economia portuguesa”.

O regulador alerta que o crescimento económico e o aumento do bem-estar dos cidadãos exigem “o reforço do investimento produtivo das empresas e a disponibilidade de recursos humanos qualificados, num quadro de estabilidade financeira e de previsibilidade legislativa, sem comprometer o equilíbrio das contas externas”.

Mas as baixas taxas de poupança, o elevado endividamento dos agentes económicos, a incerteza internacional e a evolução demográfica desfavorável requerem cautelas. “As tendências demográficas existentes na economia portuguesa não são fáceis de reverter e os fenómenos emigratórios tendem a agravá-las. Esta situação constitui um importante travão ao crescimento económico da economia portuguesa”, conclui o Banco de Portugal.

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