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NAV prevê quebra entre 85% e 95% no tráfego aéreo em abril

A quebra de tráfego aéreo no espaço nacional gerido pela NAV foi de 36% em março face ao período homólogo de 2019, a que correspondenram menos cerca de 24.300 voos.
6 Abril 2020, 14h48

A NAV, empresa pública pela gestão do espaço aéreo em Portugal, prevê uma quebra entre 85% e 95% no tráfego aéreo em Portugal durante o presente mês de abril.

“Os valores registados na última semana de março, ao que tudo indica, deverão manter-se ao longo do corrente mês, sendo por isso expectáveis quebras a rondar os 85% e 95%. As suspensões de ligações aéreas irão provavelmente manter-se, isto além do encerramento temporário dos aeroportos em Portugal, e várias companhias já anunciaram que manterão a maioria dos aviões em terra até maio”, antevê a NAV em comunicado.

Segundo os dados preliminares de tráfego apurados pela NAV relativamente aos primeiro trimestre deste ano, verifica-se um “declínio acentuado” do tráfego aéreo, o que corresponde à gestão de menos 24 mil voos, só em março.

Apesar do tráfego aéreo em janeiro e fevereiro ter estado em linha com o período homólogo de 2019, em março verificou-se uma “quebra significativa a partir de meados do mês e esperam-se quedas mais pronunciadas em abril”, de acordo com o referido cmunicado.

“A queda acentuada do tráfego aéreo é bastante preocupante, por tudo o que tal representa em termos de impactos na economia”, diz o general Manuel Teixeira Rolo, presidente da NAV.

“A NAV Portugal geriu menos 24,3 mil voos ao longo do mês de março, uma quebra de 36% face ao mesmo mês de 2019. Ao todo, registaram-se 43,8 mil movimentos contra os anteriores 68 mil nas duas regiões de informação de voo da NAV Portugal”, revela o referido comunicado. A NAV gere duas regiões de voo em Portugal: A Região de Informação de Voo (RIV) de Lisboa, com 671.000 quilómetros quadrados, que abarca Portugal Continental e o arquipélago da Madeira; e a Região de Informação de Voo de Santa Maria, com 5,18 milhões de quilómetros quadrados, que inclui uma vasta área do oceano Atlântico Norte e o arquipélago dos Açores.

Segundo este documento, “os números evidenciam o impacto da pandemia de Covid-19 e das diversas medidas
assumidas por vários Estados para conter o ritmo de contágio, medidas que determinaram quedas abruptas no sector da aviação civil a nível global”.

“O total de voos geridos pela NAV, ou ‘movimentos’, inclui não apenas os voos com origem/destino em aeroportos portugueses, mas também aqueles que sobrevoam o espaço aéreo sob responsabilidade portuguesa – que totaliza mais de 5,8 milhões de quilómetros quadrados. Apesar da quebra do tráfego no mês de março, como um todo, se ter situado em 36%, sublinhe-se que foi a partir do dia 16 que se iniciou um ciclo de quebras cada vez mais acentuadas à medida que diversas ligações começaram a ser suspensas”, avança o comunicado da NAV.

Rcorde-se que a 10 de março, foram suspensos os voos para Itália. Seguiu-se a suspensão de voos europeus para os Estados Unidos, no dia 13, e a 17 as ligações entre Portugal e Espanha. Por fim, a 19 de março, a União Europeia suspendeu os voos extracomunitários. Perante a bateria de suspensões, várias companhias aéreas decidiram cancelar grande parte ou a totalidade das suas operações, com destaque para a TAP, Ryanair e easyJet, no caso português.

Os responsáveis da empresa que gere o tráfego aéreo em Portugal sublinham que, “dividindo o mês de março em dois, nota-se que na primeira metade a NAV Portugal geriu perto de 31,8 mil voos, uma redução de apenas 2% face ao mesmo período de 2019”, mas “já na segunda metade do mês, a NAV controlou perto de 12 mil voos, menos 66% em relação à segunda metade de março de 2019”.

“Já se tivermos apenas em linha de conta a última semana do mês, a quebra do tráfego superou os 85%. Em relação ao resto do primeiro trimestre de 2020, é de salientar que o tráfego aéreo gerido pela NAV Portugal mostrava sinais de estabilização em janeiro e fevereiro, com os perto de 119 mil movimentos geridos nesses dois meses a situarem-se praticamente ao mesmo nível do período homólogo de 2019”, assinala o referido comunicado.

O presidente do conselho de administração da NAV Portugal, o general Manuel Teixeira Rolo, sublinha que “a prioridade hoje é conter o mais possível o impacto de uma disseminação acelerada da Covid-19, sendo essa uma batalha a que todos estamos convocados.”

A administração da NAV ressalva que “o carácter global da aviação e da pandemia Covid-19 faz com que o cenário de queda abrupta do tráfego não seja um exclusivo português”.

Considerando todos os voos geridos na rede Eurocontrol (que abrange a Bélgica, Irlanda, Hungria, Suécia, Mónaco, Albânia, Lituânia, Marrocos, França, Portugal, Suíça, República Checa, Eslováquia, Bósnia, Montenegro, Alemanha, Grécia, Áustria, Itália, Espanha, Polónia, Letónia, Luxemburgo, Malta, Dinamarca, Roménia, Macedónia do Norte, Ucrânia, Geórgia, Holanda, Turquia, Noruega, Bulgária, Moldávia, Sérvia, Estónia, Reino Unido, Chipre, Eslovénia, Croácia, Finlândia, Arménia e Israel), “o tráfego diário em março caiu 40,6%, de uma média de 27,3 mil movimentos diários para 16,1 mil”.

Analisando o tráfego da NAV pelas principais torres de controlo, “a evolução foi semelhante à do tráfego global, com quebras bastante pronunciadas a partir da segunda metade do mês”.

No aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, a primeira semana de março terminou com mais 0,72% de tráfego, ao passo que a segunda semana evidenciou um recuo de -2,94% e a terceira -50%. Já na última semana, o tráfego em Lisboa afundou -86,7%, registando-se 525 voos contra os 3.591 voos da última semana de março de 2019″, revela a NAV.

Por seu turno, a norte, “no aeroporto Sá Carneiro, o tráfego na primeira semana de março recuou -2%, caindo para -4% na semana seguinte e -57% na terceira semana; já na última semana de março, a NAV geriu -87% de voos a partir da torre do Porto, ou seja, 244 voos contra 1.927 na mesma semana de 2019”.

A sul, no aeroporto de Faro, “a primeira semana de março registou +10% de voos controlados; depois, seguiram-se quedas de -6%, -35% e -86%, respetivamente, face às mesmas semanas de 2019; na última semana do mês, Faro contabilizou 159 voos, contra os 1.098 registados na última semana de março de 2019”.

“Na ilha da Madeira, o aeroporto Cristiano Ronaldo, no Funchal, registou quebras de -1% e -3% nas duas primeiras semanas do mês, seguindo-se -35% de tráfego na terceira semana e -91,3% na última semana do mês. No Funchal, e na última semana de março, foram geridos 44 voos, contra os 504 registados na mesma semana de 2019”, acrescenta o comunicado em questão.

400 em teletrabalho

A NAV Portugal esclarece ainda que, em função do impacto do coronavírus, tinha, ontem, dia 5 de abril, mais de 400 colaboradores a trabalhar desde o domicílio.

“Contudo, e dada a especificidade da missão que está  confiada à NAV, várias centenas de trabalhadores continuam a exercer as suas funções nas diversas instalações da empresa espalhadas pelo país. Além do tráfego regular que se mantém, da manutenção dos equipamentos e de assegurar a realização de todos os voos de emergência médica, estes profissionais contam hoje com uma responsabilidade acrescida: garantir todas as condições para a realização dos voos de repatriamento que trazem os residentes de Portugal e da União Europeia de volta a casa neste período difícil, assim como voos de transporte de mercadorias e bens, sobretudo material médico”, assegura o referido comunicado.

O presidente da NAV remete “um agradecimento especial a todos os profissionais da NAV que continuam a garantiro seguro e expedito fluxo do tráfego aéreo”.

“É um orgulho constatar diariamente o zelo, rigor e sacrifício com que enfrentam uma altura particularmente complicada para todos. E é também um agradecimento que a NAV Portugal estende a todos os profissionais
que, nos mais variados sectores, continuam a assegurar os bens e serviços essenciais a todos nós com um obrigado muito sentido e particular a todos os profissionais do Serviço Nacional de Saúde”, sublinha o general Manuel Teixeira Rolo.

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