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“Nem todos os setores da nossa economia estão a acompanhar a recuperação”, diz Mário Centeno

Governador do Banco de Portugal assinalou que a “crise sanitária que ainda vivemos” teve “dimensões sísmicas”. A heterogeneidade setorial deverá manter-se na fase de recuperação.
  • Mário Cruz/Lusa
6 Outubro 2020, 11h44

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, afirmou que a economia mundial sofreu um choque exógeno, provocado por uma crise sanitária com “dimensões sísmicas”. O ex-ministro das Finanças realçou que a partir de junho se registou o início de uma recuperação da economia portuguesa, mas que “nem todos os setores” estão a acompanhar.

“Nem todos os setores da nossa economia estão a acompanhar essa recuperação”, disse naquela que é a primeira conferência de imprensa desde que tomou posse, esta terça-feira na apresentação do Boletim Económico de outubro, no Museu do Dinheiro, em Lisboa. “A recuperação vai continuar, mas vai ser cada vez mais lenta”, assinalou.

Mário Centeno recordou que “a economia mundial sofreu em 2020 um choque de dimensão planetária. Esse choque foi exógeno à economia”, sublinhando que “teve a ver com a crise sanitária que ainda vivemos, que teve dimensões sísmicas”.

O BdP está mais pessimista do que o Governo e prevê uma contração da economia de 8,1% este ano, ainda assim abaixo do tombo de 9,5% que previa em junho. No Boletim Económico de outubro, publicado esta terça-feira, o regulador  explica que este cenário resultará de uma queda homóloga de 9,4% no primeiro semestre e de uma recuperação na segunda metade do ano, que se traduz numa variação homóloga de -6,8%.

“A recuperação parcial do PIB português no segundo semestre resulta da manutenção de restrições à atividade em alguns setores, do clima de incerteza e dos impactos na capacidade produtiva. A heterogeneidade setorial manter-se-á na fase da recuperação, com o turismo e os serviços mais expostos a contatos pessoais a recuperarem menos”, refere o Boletim Económico do regulador.  No entanto, em sentido contrário, o setor da construção “tem registado uma evolução positiva, permanecendo relativamente insulado dos fortes impactos negativos da crise pandémica noutros setores”.

“As decisões que temos que tomar em cada instante numa crise que se desenvolve a cada instante, são de um grau de relevância superior aquele que estávamos habituados”, vincou Mário Centeno.

(Atualizado às 12h53)

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