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New York Fashion Week: Quando o ativismo toma conta do palco

Polémicas declarações do presidente norte-americano não ficaram de fora do palco da NYFW. A irreverente Public School optou por um toque de ironia e fez desfilar bonés de basebol com a inscrição “Make America New York”, em alusão ao slogan utilizado por Donald Trump.
21 Fevereiro 2017, 07h45

O ativismo social e político tomou conta da New York Fashion Week 2017 (NYFW) e atraiu todas as atenções , com vários designers a moldar as colecções e os desfiles em resposta ao atual clima político e social. Mais que uma apresentação das últimas tendências no que concerne a saias, calças, vestidos ou camisas, o que um dos eventos mais importantes do calendário do mundo da moda ditou foi que nos próximos tempos o in é “fazer-se ouvir”.

A administração de Donald Trump pondera cortar milhões de financiamento à Planned Parenthood e esta aproveitou a visibilidade da NYFW para lançar a campanha “Fashion Stands with Planned Parenthood”. Foram vários os designers, empresas, agências, modelos e convidados que colocaram o pin cor-de-rosa da assinatura do PP, com vista a mobilizar para a importância de proteger o acesso ao planeamento familiar.

A marca Tome foi uma das apoiantes da campanha. “Penso que é importante, não importa se somos um estilista ou um ativista, que façamos uma declaração e falemos sempre que tivermos oportunidade – todas as nossas escolhas nesta temporada foram muito deliberadas”, disse Ryan Lobo, diretor criativo, à Vogue.

As polémicas declarações do presidente norte-americano não ficaram de fora do palco da NYFW. A irreverente Public School optou por um toque de ironia e fez desfilar bonés de basebol com a inscrição “Make America New York”, em alusão ao slogan utilizado por Donald Trump na campanha presidencial, explicando que a inscrição Nova Iorque “porque é composta por pessoas de todas as culturas diferentes, de imigrantes”.

Chow, um dos criadores da marca, sustentou que “a coleção começou com uma conversa sobre fronteiras”, acrescentando que “sentimos que precisávamos fazer algum comentário sobre nacionalismo, isolacionismo e xenofobia”. O designer afirmou que “existe pressão que esta administração está a sentir. A única forma de isso acontecer é se continuarmos a manifestar-nos”.

https://www.instagram.com/p/BQoSJ6iAQGT/?taken-by=publicschoolnyc

O diretor criativo da Moschino, Jeremy Scott, seguiu a “tendência” e uma semana antes da NYFW afirmou que “temos que lutar por tudo em que acreditamos”. Na apresentação da coleção os modelos utilizaram t-shirts estampadas com a frase “a nossa voz é a única coisa que nos protegerá”, com a inscrição nas costas do número de telefone dos representantes do Senado. O objetivo? Incitar a cada voz se faça ouvir.

Já Prabal Gurung, que tinha criado uma t-shirt para a campanha de Hillary Clinton, não esqueceu a ex-candidata. Encheu a coleção de declarações feministas e quebrou a tradição de encerrar o desfile com três vestidos, substituindo-os por três fatos, como alusão a Cliton.

https://www.instagram.com/p/BQi3nmTFoa0/?taken-by=videofashionofficial

 

E nem a Marcha das Mulheres, de Washington, ficou de fora da semana da moda. A designer Mara Hoffman convidou as fundadoras da Marcha para abrirem o desfile da sua coleção, que iniciaram o mesmo a recitar a declaração da Marcha das Mulheres, juntamente com uma citação de Maya Angelou.

“Isso é o que estou a fazer com o meu foco”, disse Hoffman, citada pelos meios de comunicação norte-americanos. “Isso é o que estou a fazer quando as pessoas estão a prestar atenção em mim.”

À semelhança de Hoffman, Tracy Reese deixou-se inspirar pela Marcha das Mulheres e  convidou quatro poetas, para ler na apresentação, não lhes dando parâmetros, exceto que os poemas contassem histórias sobre mulheres. O palco foi dado à importância da igualdade de direitos.

https://www.instagram.com/p/BQetznBlniB/?taken-by=marahoffman

Na ordem dos oito dias do evento estiveram assim mais que os velhos clichés, e assistiu-se a um espectáculo que espelhou as manifestações que se fazem ouvir nos EUA.  

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