No Algarve, ou apostamos no turismo ou caímos

Com Bandeira Azul da Europa e a The Yacht Harbour Association a eleger a certificada marina de Vilamoura como Marina Internacional do Ano, falta mesmo é continuar o bom trabalho de qualificação da sub-região e do Algarve, um dos Best Value Destinations para 2015. Somam-se nomeações e mais prémios! Por um conjunto de substantivas razões […]

Com Bandeira Azul da Europa e a The Yacht Harbour Association a eleger a certificada marina de Vilamoura como Marina Internacional do Ano, falta mesmo é continuar o bom trabalho de qualificação da sub-região e do Algarve, um dos Best Value Destinations para 2015. Somam-se nomeações e mais prémios!
Por um conjunto de substantivas razões anteriormente explanadas – mesmo com notável aumento homólogo do número de dormidas, de hóspedes e de RevPar que cresceu por força da taxa de ocupação e não do preço –, reconhecemos que à que combater concertadamente a sazonalidade, pois que a marca-destino Algarve não pode mesmo ser somente um espetacular destino de férias de verão, de sol e praia, com golfe. Independentemente da continuada instabilidade em alguns países islâmicos e o enorme esforço dos privados, com crescente número de eventos culturais, desportivos, qualidade, etc., e apesar do aumento da despesa média diária por turista, não tem sido bastante para o propagado crescimento económico e combate ao desemprego. Eventos “Week” vários, nomeadamente o “Algarve Nature Week”, em abril, ajudarão a promover o crescente turismo europeu de natureza, mas, com a estagnação da economia nacional, a expectativa de aumento do mercado interno está completamente desajustada.
A presença nas mais conceituadas feiras europeias de turismo deveria acolher um reforçado apoio estatal que, não se substituindo à iniciativa privada, apoiasse, estratégica e decisivamente, o maior setor exportador nacional. Depois do último World Travel Market em Londres, ainda este mês em Madrid decorrerá nova FITUR, em que a Região de Turismo do Algarve irá estar presente, também com o objetivo de incentivar a ligeira retoma dos mercados ibéricos. Coloca-se, novamente, a questão da estratégia do Turismo da região, sobretudo no que concerne à manutenção do empenho na captação de turistas ingleses, alemães, espanhóis, franceses e holandeses, e/ou a maior aproximação a mercados emergentes como o russo, o chinês, o brasileiro, ou outros!
A obtenção, ou manutenção, de uma classificação mínima de 4* que o Programa Operacional do Algarve introduziu obriga à qualificação da oferta (de notar que a grande maioria dos hóspedes da hotelaria não são de “Local Hosting”), mas também a mais aturados estudos de mercado e ajustamento dos planos de marketing, adequação do modelo de exploração com eventual abandono do conceito de all-inclusive e reforçada contratação de qualificados recursos humanos formados, preferencialmente, nas várias escolas de hotelaria nacionais. Queremos um “turismo de massas”, preferindo o aumento simples da ocupação, destruindo o preço e secando a economia local, ou optamos por adequar a nossa escala e oferta à crescente e diversificada procura mundial, especializando?
O turismo tem de ser o pilar fundamental da reanimação da economia portuguesa, afirmação do nosso posicionamento a nível mundial, e, para perseguirmos esse propósito, não pode haver desinvestimento estatal, impondo-se ainda trabalhar melhor a notoriedade nacional além-fronteiras. A concorrência é cada vez maior e, se continuarmos a não perseguir esse objetivo estratégico nacional e a desvalorizar a importância da região enquanto principal destino turístico do país, quanto a mim, o futuro do Algarve continuará, infelizmente, a ser muito sombrio.

Sérgio Cordes Aniceto
Consultor de Gestão e Marketing

Recomendadas

Como os trabalhadores estrangeiros estão a salvar as empresas em Portugal

Face à escassez de mão de obra, há muitas empresas em Portugal a serem, literalmente, “salvas” por trabalhadores estrangeiros. É preciso dizê-lo.

Capital, recomendação e debate

O documentário de Justin Pemberton, baseado em “O Capital do século XXI, do economista Thomas Piketty, assume-se como um gesto de alerta, de alternativa e de esperança. Não nos dá respostas definitivas, mas indica-nos um caminho.

Portugal 2030, agora ou nunca

Não podemos, de forma alguma, desperdiçar a ocasião irrepetível proporcionada pelo Portugal 2030 para assegurar às empresas o que o PRR não conseguiu.