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Norte da Europa é “aposta estratégica” na internacionalização da Efacec

Segundo Pedro Pinto, o mercado interno tem “um peso grande” na atual carteira de encomendas de 90 milhões de euros da empresa, com destaque para os projetos relativos às duas novas linhas do metro do Porto e às obras da Infraestruturas de Portugal.
29 Maio 2022, 14h54

Os países do norte da Europa são a atual “aposta estratégica” na internacionalização da Unidade de Transportes da Efacec, que tem projetos em curso na Dinamarca, Noruega, Suécia e Irlanda e quer estrear-se na Finlândia, avançou este sábado o diretor.

“Do ponto de vista de estratégia da Unidade de Transportes, neste momento o nosso foco externo continua a ser o Norte da Europa”, afirmou Pedro Pinto à margem da cerimónia de inauguração, ontem, do metro ligeiro de Odense, na Dinamarca, cuja componente eletromecânica foi totalmente desenvolvida pela Efacec.

Paralelamente, o responsável garante que a empresa “não descura nunca” o mercado nacional, que “continua a ser o alvo principal” da Efacec: “Só não fazemos negócio em Portugal quando não há um investimento em Portugal. Quando há, continua a ser o nosso mercado alvo principal”, afirmou.

Segundo referiu, o mercado interno tem “um peso grande” na atual carteira de encomendas de 90 milhões de euros da empresa, com destaque para os projetos relativos às duas novas linhas do metro do Porto e às obras da Infraestruturas de Portugal (IP).

Hoje inaugurado e destacado pela Efacec como “um dos maiores de engenharia portuguesa na mobilidade sustentável”, o projeto do metro ligeiro de Odense valeu 50 milhões de euros para a empresa portuguesa que – num consórcio com a espanhola COMSA e a dinamarquesa MUNCK – desenvolveu integralmente a componente eletromecânica da obra, designadamente todos os sistemas de energia, telecomunicações, sinalização e centros de comando.

Conforme previsto no contrato, a empresa portuguesa irá continuar a prestar assistência técnica durante os primeiros meses de operação do metro de Odense e, segundo avançou à agência Lusa Pedro Pinto, está já “em negociações com a Keolis” (empresa que opera o metro) para “continuar a prestar este apoio e assistência ao longo dos 15 anos de duração do atual contrato de operação do metro”.

Ao mesmo tempo, a Efacec está “atenta” à potencial expansão do projeto do metro ligeiro de Odense, que poderá ser decidido dentro de dois anos, e, ainda na Dinamarca, está a construir toda a componente elétrica da extensão do metro de Copenhaga (num projeto de 24 milhões de euros, em que integra um consórcio com uma empresa austríaca), e ‘de olho’ em futuros projetos de eletrificação da ferrovia naquele país.

A Noruega é outros dos países em que a Efacec atua na área dos transportes, estando atualmente a participar na fase quatro do metro do metro ligeiro de Bergen, após já ter assegurado “toda a parte da energia” da fase dois deste projeto e integrado também a terceira e a quarta fases de expansão.

De acordo com o diretor da Unidade de Transportes da Efacec, “outro projeto muito importante” no norte da Europa foi o do metro ligeiro de Dublin, na Irlanda, onde a Efacec participou na construção da primeira linha, em 2004 (assegurando toda a parte elétrica, sinalização, comunicações, informação ao passageiro, num projeto na ordem dos 20 milhões de euros), e onde admite concorrer a novas linhas, assim como a um “projeto forte de eletrificação e modernização da ferrovia irlandesa”.

Já na Suécia, onde ganhou um contrato de fornecimento de passagens de nível, a Efacec está também atenta a “projetos novos de metros ligeiros e de eletrificação da ferrovia”, enquanto a Finlândia se perfila como “um mercado novo” onde a empresa está “a tentar começar, principalmente em projetos de metros ligeiros”.

Iniciada há cerca de 15 anos, esta aposta da Unidade de Transportes da Efacec nos mercados do norte da Europa é, antes de mais, justificada por Pedro Pinto pelo “nível de investimento forte” destes países na área de mobilidade urbana”, com uma crescente aposta em sistemas eletrificados.

“Depois, porque, do ponto de vista de proximidade tecnológica, os sistemas que utilizam são muito semelhantes aos que são utilizados por toda a Europa e, também, porque são regiões onde o nível de concorrência não é tão elevado como na Europa Central, numa Alemanha, França ou Bélgica”, referiu.

As “poucas barreiras à entrada de concorrentes estrangeiros” nos países do norte da Europa e o “grau de previsibilidade muito grande” destes mercados, que “só avançam para a construção de um projeto quando têm financiamento garantido e não dependem de financiamentos comunitários”, são outros argumentos a favor destas geografias avançados pelo diretor da Unidade de Transportes da Efacec.

“Confesso que a nossa grande dúvida quando começámos a trabalhar estes mercados era como seria vista uma empresa portuguesa a chegar e a dizer que quer fazer um metro. Era a mesma coisa que, em Portugal, chegar uma empresa síria ou turca a dizer o mesmo”, disse.

Salientando que “o mercado ferroviário é muito conservador e, para se conseguir fazer algo, é fundamental a questão das referências”, Pedro Pinto aponta o projeto do metro do Porto, em que a Efacec participou no final dos anos 90, como tendo sido “crítico” para o início da internacionalização da Unidade de Transportes.

“Já tínhamos algum histórico, mas o primeiro grande projeto chave na mão foi o do metro do Porto, que foi, sem dúvida, um grande projeto que nos permitiu pensar que uma unidade de transportes teria futuro dentro da Efacec e foi uma referência importantíssima no desenvolvimento da nossa atividade. Começámos a ter um grande projeto que podíamos mostrar”, enfatizou.

Com uma contribuição de 37 milhões de euros para a faturação global de 216 milhões do grupo Efacec em 2020, a Unidade de Transportes poderá ganhar, segundo acredita o respetivo diretor, um novo fôlego com a venda da empresa ao grupo de engenharia e construção DST.

“Acreditamos que estamos do lado certo da história e que, tendo estes projetos, com estas referências, esta será uma área a reforçar. Mas, obviamente, competirá ao novo acionista dizer”, concluiu.

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