O ‘boom’ dos seguros de vida aconteceu nos anos 90 através dos produtos ligados à poupança. Entre os anos 2000 e 2008 assistiu-se a um forte crescimento dos seguros de vida risco, sobretudo, associados ao crédito à habitação. Nessa altura, o crédito à habitação era barato, relativamente fácil de obter e o seguro de vida era entendido quase como mero procedimento administrativo e obrigatório para a obtenção do crédito. O processo de venda era massificado com a comercialização do crédito, sem que para isso existisse a necessária autonomia funcional na venda.

Desde então muita coisa mudou. Apesar da recuperação do mercado imobiliário, a concessão de crédito à habitação por parte dos bancos ainda é tímida. Mas será que o único interesse a proteger é o pagamento do crédito à habitação à entidade bancária em caso de morte, invalidez ou doença grave? Claramente não. A proteção da família e da própria pessoa segura devem ter um papel mais relevante. Contudo, estudos recentes sugerem que grande parte das pessoas subestima o risco de incapacidade ou morte prematura.

Um estudo realizado pela Universidade de Oxford em parceria com outras duas entidades a pedido do Grupo Zurich, concluiu que 38% dos inquiridos acredita que as probabilidades de algum acontecimento adverso suceder na sua vida são inferiores a 10%. No entanto, o risco efetivo é de 25%. O mesmo estudo indica que 44% dos inquiridos já lidou em algum momento com a redução do seu rendimento decorrente de doença ou incapacidade, ainda que temporária, e destes, 3 em 10 refere que a redução foi superior a seis meses.

Podemos afirmar que ainda existe uma grande iliteracia financeira no que concerne aos seguros de vida risco e opções de proteção. O mercado segurador deve contribuir para um melhor esclarecimento dos cidadãos, explicando os riscos, apresentando soluções, provando a sua verdadeira e inequívoca utilidade social. E, numa altura em que o denominado Estado Social não garante na íntegra a perda de ganhos numa situação de infortúnio, os consumidores devem procurar alternativas no mercado segurador para colmatar essa necessidade.

Subscrever um seguro de vida risco pode significar muitas vezes, em caso de sinistro, ter a capacidade financeira de fazer face à nova realidade da pessoa segura (nos casos de invalidez e doença grave) ou da sua família (em caso de morte).

Quanto ao custo deste tipo de seguros existe ainda um grande desconhecimento por parte dos consumidores. De acordo com o estudo referido, um terço dos inquiridos refere estar disponível para pagar entre 5% e 9% do seu rendimento por um seguro de vida, e um em cada cinco vai além dos 10%. Na realidade, essa proteção pode ser adquirida por menos de 5% do rendimento. Como alguém disse um dia “mais vale um seguro sem sinistro, do que um sinistro sem seguro”.