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Nova geringonça poderá tornar Portugal “ingovernável” como Espanha, alerta o ING

O banco holandês não estima grandes alterações no poder político depois das eleições, apontando para um novo Executivo do PS, liderado por António Costa, e com o apoio dos partidos de esquerda. O ING alerta que este cenário pode tornar o país ingovernável, à semelhança de Espanha, porque o PS poderá não obter o apoio do resto da esquerda para promover políticas orçamentais prudentes.
3 Outubro 2019, 11h22

A três dias das eleições legislativas, que se realizam no domingo, 6 de outubro, o banco holandês ING escreveu um artigo de análise política no qual defende que não haverão grandes alterações no poder político nacional depois do voto popular, apontando para outro Governo liderado por António Costa e apoiado nos partidos de esquerda. Mas o banco alerta para o risco de o país se tornar ingovernável com outra ‘geringonça’.

Escrito por Steven Trypsteen, economista do banco para Portugal e Espanha, o ING não espera que o Partido Socialista obtenha a maioria absoluta e que o “arranjo atual se mantenha” – uma alusão à ‘geringonça’ formada em 2015 entre o PS, o BE e o PCP.

“Assumindo que os socialistas ganhem com cerca de 38% dos votos, o Partido Socialista poderia obter uma maioria no Parlamento (116 assentos em 230). Se os socialistas não a alcançarem, terão de encontrar um ou outros parceiros. Nós consideramos que os socialistas não vão obter a maioria absoluta e que o arranjo atual vai continuar”, afirmou Steven Trypsteen.

Portugal pode tornar-se ingovernável como Espanha

Neste cenário de nova ‘geringonça’, o ING alerta que o Partido Socialista poderá sentir dificuldades em obter o apoio dos parceiros políticos no que diz respeito à prudência orçamental, que tem sido uma bandeira da campanha eleitoral do PS, sustenta o banco holandês.

“No caso de os socialistas não obterem este apoio, o país corre o risco de se tornar ingovernável. É um cenário que está a ser visto em Espanha, onde o PSOE precisava do apoio do Podemos, mas não o conseguiu”.

O ING fez um apanhado das sondagens – que dão a vitória ao PS – mas vincou que a incerteza paira sempre sobre estes exercícios. Mas, no contexto atual, há ainda mais incerteza “por causa do caso de Tancos”.

“As sondagens recentes mostram que os resultados do PS são menores, enquanto o PSD está a recuperar”, adiantou Steven Trypsteen.

Em todo o caso, o ING frisou que não antecipa “grandes alterações no poder político depois das eleições”.

“A continuação de um Governo de António Costa apoiado pelos outros partidos de esquerda é a nossa estimativa”, lê-se no artigo.

O banco ING estima ainda que uma mudança em direção à prudência orçamental poderá melhorar “a fotografia orçamental”, o que diminuiria o custo de financiamento externo.

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