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“Novo normal” da China para Taiwan aumenta receios para o comércio global

As interrupções no transporte marítimo causadas pela atividade militar chinesa em torno de Taiwan podem tornar-se o que os especialistas chamam de “novo normal” para a rota comercial.
  • 8 – Taiwan
11 Agosto 2022, 15h56

Numa altura em que os meios de comunicação estatais chineses dizem que os exercícios militares no Estreito de Taiwan, uma rota marítima crucial, se tornarão um evento ‘regular’ daqui em diante, aumentam os receios perante o novo risco duradouro para o comércio internacional, segundo a “Al Jazeera”.

As interrupções no transporte marítimo causadas pela atividade militar chinesa em torno de Taiwan podem tornar-se o que os especialistas chamam de “novo normal” para a rota comercial.

Na quarta-feira, a China também divulgou um novo documento sobre “reunificação” com a ilha que emitiu alertas específicos para as “forças de independência de Taiwan” e detalhou o papel dos Estados Unidos na neutralização dos esforços de Pequim para concretizar esse objetivo.

“Agora passamos para um estado de coisas qualitativamente novo e a resolução da ‘questão de Taiwan’ está ativamente em movimento”, disse Andy Mok, investigador do Centro para a China e Globalização, apoiado pelo Estado, à “Al Jazeera”. “Não sabemos qual será a duração ou a magnitude dos exercícios… alguns dizem que o bloqueio já começou.”

Os exercícios da China, que foram desencadeados pela visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha na semana passada, demonstraram que Pequim tem a capacidade de infligir uma enorme interrupção nos fluxos comerciais globais, se assim o desejar.

Já este ano, cerca de metade das frotas de navios de contentores do mundo e quase 90% dos maiores navios por tonelagem passaram pelo Estreito por facilitar o fluxo de mercadorias entre o leste da Ásia e os mercados globais.

Os dados de navegação mostraram que os navios retomaram, na sua maioria, as suas rotas normais pelo estreito nesta semana. Contudo, se as atividades militares da China evoluírem para um risco permanente, a indústria pode ter de se debruçar mais a sério sobre planos de contingência.

Peter Sands, analista-chefe da plataforma de inteligência marítima Xeneta, disse à “Al Jazeera” que encontrar alternativas teria um preço significativo. “Os exportadores podem procurar uma segunda melhor opção se o comércio livre e ininterrupto de Taiwan se tornar difícil”, indicou Sands.“Isso significa uma reorganização das suas ofertas de serviços das operadoras para os clientes: algumas não passarão mais por Taiwan, outras vão fazê-lo menos vezes”.

“Se o Estreito de Taiwan se tornar uma área sem passagem livre – todas as rotas serão estendidas, os tempos de trânsito aumentarão e as mercadorias levarão ainda mais tempo para chegar aos consumidores”, acrescentou. “As taxas de envio serão mais afetadas no curto prazo, antes do estabelecimento do ‘novo normal’ para as rotas comerciais na região2.

Deborah Elms, diretora executiva do Asian Trade Centre, com sede em Singapura, disse que, para as operadoras, “mudar é extremamente difícil em circunstâncias económicas desafiadoras”. “Assim, as empresas estão à espera para ver se têm mais clareza sobre a profundidade, alcance e duração do que quer que aconteça a seguir”.

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