O ex-administrador do BES e do Novo Banco José Honório disse hoje que nunca teve “proximidade” com o ex-banqueiro Ricardo Salgado, e sublinhou que não pediu a “ninguém” para ser convidado para a administração dos bancos.
“Não pedi a ninguém para ir [para o BES], não sugeri a ninguém que me convidasse. Pelo contrário”, adiantou aos deputados da comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).
José Honório foi ouvido durante cerca de quatro horas pelos deputados dos vários partidos, num dia em que o frenesim parlamentar junto da sala da comissão foi maior que o costume em virtude do envio de uma carta de Ricardo Salgado que motivou reações dos partidos.
O próprio presidente da comissão de inquérito, Fernando Negrão (PSD), viria a falar do episódio no final da audição, declarando todavia ao orador de hoje que todos os seus contributos foram registados e gravados.
O antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado reuniu-se duas vezes em 2014 com o Presidente da República tendo alertado Cavaco Silva sobre os “riscos sistémicos” envolvendo o GES e o BES, diz o ex-banqueiro em carta endereçada à comissão parlamentar de inquérito e a que a agência Lusa teve acesso.
A carta motivou posições diversas: a esquerda – PS, PCP e BE – anunciou que quer enviar perguntas para o Presidente da República responder à comissão, com socialistas e comunistas a chamarem também a atenção para a urgência da vinda do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, também referido na carta de Salgado, ao parlamento.
PSD, por seu turno, diz que vai aguardar pelos requerimentos e os seus “fundamentos”, enquanto o CDS-PP acusou a oposição de fazer um “número” com a situação.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito “apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades”.
OJE/Lusa