A Gato Preto está a fazer reestruturações de Espanha e encerrou pelo menos seis lojas em três meses. A empresa portuguesa de decoração e mobiliário está a investir significativamente na digitalização, mas a CEO diz ao NOVO e ao Jornal Económico que “não é linear” associar o fecho de espaços físicos ao reforço da área de e-commerce.
“De facto, fechámos algumas lojas, mas faz parte da nossa estratégia de reestruturação. É algo que acontece muito no retalho, que vive desta cobertura de lojas mais intensiva. O que acontece é nós depois temos sempre de fazer uma avaliação, perceber se a loja é rentável. Fazemo-lo com regularidade”, explicou Carolina Afonso às publicações do grupo Media9.
Até esta semana o número de lojas da Gato Preto, na Península Ibérica, fixava-se nos 47, sendo que em Fevereiro eram 54 (36 em Portugal e 18 em Espanha, de acordo com a informação do “Dinheiro Vivo”). Porém, uma delas trata-se de relocalização, na zona de Lisboa – centro comercial Ubbo, onde estão a decorrer obras para mudar a loja para outro espaço no mesmo edifício.
“Estamos a reavaliar o parque de lojas, como qualquer marca de retalho faz, para depois procurar outras localizações”, afirmou a CEO, que está na liderança da empresa 100% nacional desde Setembro de 2022. Questionada sobre se estão a ponderar compensar estes encerramentos no país vizinho com aberturas noutros locais, Carolina Afonso foi pragmática: “Não estamos a estudar nenhuma abertura agora”. Segundo a gestora, o mercado espanhol é diferente do português, nomeadamente na lógica de retalho, porque em Portugal “funcionam muito bem os centros comerciais” e do outro lado da fronteira é o comércio de rua que reina. “A nossa premissa é estar onde está o cliente”, garante.
Foco no online
Hoje, cerca de 10% do volume de negócios da Gato Preto advém do comércio electrónico. O objectivo da marca – presente em quase todos os shoppings nacionais – é que essa percentagem aumente, através de uma maior pujança nas vendas através do site. Para tal, a Gato Preto fez uma parceria estratégica com a tecnológica norte-americana Salesforce, seguindo-se o contracto com a Talkdesk, o unicórnio de ADN nacional, e a agência digital Fullsix.
“Temos objectivos ambiciosos no online, mas também sabemos que só se escala com tecnologia, equipa e estratégia. Isso implica também investimento. Às vezes, olha-se para o digital como se fosse elástico: «se está a loja montada porque é que não se fatura mais?». Não é bem assim. Há um conjunto de variáveis a montante que tem de ser garantidas para que as vendas de repente tripliquem”, explica Carolina Afonso.
Da Salesforce, estão a ser utilizadas duas soluções (‘Marketing Cloud’ e ‘Service Cloud’) e a Fullsix desenvolveu um portal, integrado no software da Saleforce, para reunir a informação dos clientes que vão à loja e perguntam como é que está o estado da encomenda, por exemplo.
“A Salesforce está a ajudar-nos a ter a informação do cliente centralizada para que possamos utilizá-la porque dados por dados não nos interessa. Interessa-nos dados integrados, que nos permitam extrair insights e fazer um conjunto de acções. Isto parece fácil? Não é. Demora algum tempo. Precisamos dos parceiros certos”, diz.
A reconversão do negócio surge no âmbito da aquisição, em Janeiro de 2020, pelo grupo Aquinos, produtor de sofás e colchões com sede em Tábua (Coimbra), que viu os resultados do negócio ainda incorporados no exercício de 2019, ano em que facturou 360 milhões de euros.
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