O recente desfecho da guerra que envolveu o mítico Big Mac da McDonald’s é digno de nota. Por duas razões, o David enfrentou o Golias e ganhou a batalha. Como resultado, a McDonald’s perdeu a exclusividade do uso da marca Big Mac na Europa. Ou seja, perdeu um dos seus grandes e mais valiosos ativos, e marca ícone da cadeia de fast food.

A estória não se prende com gostos nem com qualidade alimentar, mas sim com propriedade de marca. Basicamente, o recado que a União Europeia – através do conselho da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO) – envia com esta decisão é que ou se usa uma marca ou se perde o direito ao seu registo. E isto pode ser uma grande vitória para as pequenas marcas face às gigantes.

Qualquer um pode registar uma marca, e para registar muitas basta ter ideias, dinheiro e advogados e as gigantes fazem-nos às dezenas ou centenas, com nomes que nunca usam, mas que ficam preservados para futuros negócios ou para retirar créditos aos concorrentes. E aí é que está a vitória neste caso: os concorrentes, sobretudo os pequenos, viram na irlandesa Supermac uma justiça que há muito pediam.

Coincidência, ou não, a decisão foi conhecida no mesmo dia em que a maioria dos deputados britânicos decidiram não apoiar o acordo do Brexit alcançado por Theresa May. Esta decisão da autoridade reguladora é também o reflexo de uma das muitas vantagens da ligação das empresas da Grã-Bretanha à União Europeia.

O famoso hambúrguer celebrou 50 anos em 2018, com edições especiais por todo o mundo, às quais até a Coca-Cola se associou com uma lata decorada a rigor. O Big Mac é hoje um dos índices mais reconhecidos na economia, para comparar a valorização de cada moeda e o poder de compra de cada mercado. O que vai acontecer ao recurso que a McDonald’s quer propor não se sabe, mas por agora já se fez história e o nome Bic Mac passa a ser de quem o quiser usar!