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O Cafôfo, o Papa e o Marcelo, padecem de amnésia geral

Os políticos têm de ser, ética e moralmente, exemplares. O cumprimento das leis e regulamentos é, neste caso, o ponto de partida e a assunção de compromissos o músculo que permite caracterizar a dignidade e seriedade do “homus politicus” e estabelecer uma relação de confiança e verdade com os cidadãos.
20 Novembro 2018, 07h15

Confesso que primeiramente pensei, neste artigo, em dar primazia, à hipocrisia manifestada pelo candidato do PS-M à Quinta Vigia, isto a propósito do que escreveu no seu face sobre o caso das falsas presenças na Assembleia da República do secretário-geral do PSD, o tal que tem o dom da ubiquidade, algo que deveria ser exclusivo de algumas divindades, mas que, como todos bem sabemos, é um “super-poder” partilhado por políticos de todos os partidos, incluindo alguns do nosso parlamento regional.

Foi, sem dúvida, para mim, um dos momentos mais divertidos deste mês, muito mais do que ver uma daquelas sitcoms americanas, com gargalhadas enlatadas, lê-lo a perorar sobre seriedade, chegando a afirmar que «os políticos têm de ser mais “sérios” do que um qualquer cidadão», a que juntou «um político tem de, mais do que por uma questão legal, ter um comportamento exemplar e uma atuação com valores éticos».

Sobre isso, apenas digo (eu) o seguinte: os políticos têm de ser, ética e moralmente, exemplares. O cumprimento das leis e regulamentos é, neste caso, o ponto de partida e a assunção de compromissos o músculo que permite caracterizar a dignidade e seriedade do “homus politicus” e estabelecer uma relação de confiança e verdade com os cidadãos. O caso de um candidato autarca e todos nós sabemos a quem me refiro, que ganhou eleições com uma mentira descarada que cumpriria o seu mandato, é um exemplo a não seguir, neste mundo e noutro qualquer em que haja política, políticos e eleitores.

Mas este mês teve outros momentos assaz divertidos e, curiosamente, ou talvez não, sempre com o mesmo protagonista. Através da Sábado, fiquei também a saber que sofre de amnésia, ou seja, padece de uma disfunção nas áreas cerebrais responsáveis pela consolidação de novas informações, o que significa, preto no branco, que os hipocampos e lobos temporais mediais adjacentes dele não trabalham como deve ser, nem sei como conseguiu ir pelos seus próprios pés ao Tribunal Judicial do Funchal para ser ouvido no inquérito da queda da árvore que matou 13 pessoas e feriu muitas mais, já que não se lembrava de nada. A estatística das respostas dadas foi mais ou menos esta: «43 vezes que desconhece ou não sabe, e umas quantas mais que não se recorda, não tem presente, ou que isso é com os serviços» – quase que ficamos a pensar como é que uma pessoa assim consegue sair de casa vestida, só mesmo com um rigoroso planeamento, género cábula, um papel escrito com indicações: as meias usam-se nos pés e as cuecas na bacia, as calças nas pernas e a camisa no tronco e é preciso subir três andares e virar à direita e depois à esquerda para chegar ao gabinete de presidente da câmara (do Funchal)…

Curiosamente ou talvez não, no fim-de-semana que se passou, na Convenção Autárquica do PS-M, já se lembrava que se chamava Paulo e que o seu sucesso se deve à proximidade, genuinidade e sinceridade…

Aliás, noutro momento assaz divertido, pude também lê-lo em entrevista ao Observador comparar-se ao Papa e ao Presidente da República. Desta vez faço “mea culpa”. Estava cego e descrente. Mas agora não porque vi a luz e renasci. Nada mais certo do que comparar-se ao Papa e ao Presidente da República. Eu é que me tinha esquecido que também são plagiadores, mentirosos e amnésicos. Só faltou mesmo para ser um mês inolvidável de divertimento, daqueles que se registam para memória futura, que também se tivesse comparado ao Rato Mickey, que faz 90 anos e que é muito próximo de todas as pessoas deste mundo, digam lá, em abono da verdade, quem é que não o conhece…

Enfim, citando um filósofo espanhol, creio que o Ortega y Gasset, pode muito bem vencer as próximas eleições, mas nunca me irão convencer…

 

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