O ChatGPT e os desafios do futuro presente

Nesta primeira fase, é natural que o receio se espalhe. Mas vários especialistas comparam este momento com aquele que levou à robotização na indústria, eliminando empregos mas criando outros, muitos deles mais especializados.

Se as inteligências artificiais estão na ordem do dia, então o ChatGPT é a estrela do seu firmamento. Nas redes sociais pululam exemplos recolhidos em conversas com a entidade criada pela OpenAI, uma empresa de pesquisa e implantação de IA que afirma ter como missão “Garantir que a inteligência artificial beneficie de forma generalizada toda a humanidade”.

Como destacou a Wunderman Thompson num ‘Insight’ emitido esta semana, precisamente sobre as IAs da nova geração, a avaliação da startup sediada em São Francisco e responsável pelo ChatGPT foi já orçamentada em 29 mil milhões de dólares, mais do que o dobro de seu valor em 2021.

Entretanto, após rumores, a Microsoft veio finalmente confirmar o alargamento da sua parceria com a OpenAI e, mesmo sem os valores serem oficialmente divulgados, os analistas apontam para um investimento de no mínimo 10 mil milhões, continuando o Microsoft Azure a ser o provedor exclusivo da ferramenta para a cloud.

Tal como explicou muito recentemente a revista “Forbes”, a inteligência artificial tem o potencial de mudar substancialmente a forma como os gigantes da tecnologia competem entre si. De acordo com os especialistas: “Gigantes como a Alphabet e a Amazon já estão a investir muitos milhares de milhões em research relacionada com a IA”. O que levou aliás a primeira ao despedimento de 12.000 funcionários em todo o mundo, num cenário de emagrecimento em que está acompanhada pelas restantes grandes tecnológicas.

No entanto, as questões colocadas pelo avanço do ChatGPT são múltiplas e não se ficam pelas movimentações laborais nas TI. Pengcheng Shi, diretor do Rochester Institute of Technology, deixou já um aviso sobre o enorme alcance ao nível dos postos de trabalho dos designados “trabalhadores de colarinho branco”: Professores, analistas de Wall Street, programadores, advogados, nenhuma profissão parece poder vir a escapar aos seus efeitos e das inteligências artificiais em geral.

Na política, por exemplo, é de seguir com interesse o candidato IA Lars na Dinamarca. Lars lidera o ‘Partido Sintético’ e o seu programa político foi gerado de forma a captar pelo menos 20% do eleitorado normalmente abstencionista, concorrendo a um lugar no parlamento.

Nesta primeira fase, é natural que o receio se espalhe. Mas vários especialistas comparam este momento com aquele que levou à robotização na indústria, eliminando empregos mas criando outros, muitos deles mais especializados. Talvez a humanidade não esteja ainda crente na bondade do mission statement da OpenAI segundo a qual seremos todos beneficiados. Mas são desde já evidentes as potencialidades que a evolução da inteligência artificial oferece a vários sectores da atividade económica.

Na verdade, nunca o presente foi tão dinâmico. Ou, de outra forma, nunca o presente se pareceu tanto com o futuro. Resta-nos fazer todo o possível para o acompanhar.

 

Muito interessantes as conclusões do inquérito mundial sobre sustentabilidade que incluiu Portugal, resultado da parceria entre a multinacional Globescan e a portuguesa GreenLab, inquérito esse noticiado por este jornal. No bom sentido, 86% dos portugueses já utilizam sacos próprios em lugar dos descartáveis de plástico nas suas compras. Estamos no bom caminho.

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