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Consumir canábis antes dos 18 anos aumenta o risco de esquizofrenia

Chama-se esquizofrenia canabinóide ainda é desconhecida por muitos. Mas é uma realidade e merece atenção.
10 Setembro 2019, 11h00

O consumo de canábis é, atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Aliás, segundo o ‘World Drug Report 2019’, o relatório anual do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, a canábis é a droga preferida da população mundial, sendo consumida por mais de 188 milhões de pessoas em todo o mundo. Se estes dados já são assustadores, agravam-se quando percebemos que o consumo deste tipo de estupefaciente inicia-se, na sua esmagadora maioria, entre os 15 e os 18 anos de idade.

Mas, afinal, há riscos acrescidos ao consumo de droga na adolescência?

O estudo Dunedin, uma investigação que acompanhou a amostra de voluntários durante mais de 40 anos, levada a cabo pela Unidade de Saúde e Desenvolvimento Multidisciplinar de Dunedin, na Nova Zelândia, comprovou que o consumo de erva, entre os 15 e os 20 anos, aumenta em cinco vezes a hipótese de desenvolver perturbações esquizofreniformes na idade adulta comparativamente com quem inicie o seu consumo mais tarde.

O risco acrescido inerente a esta faixa etária coincide com a idade standard do início da esquizofrenia, que surge, em média, entre os 15 e os 25 anos.

Desta forma, pensa-se que o consumo desta droga interfira no processo de desenvolvimento e maturação cerebral do adolescente e conduza à doença psiquiátrica.

“Quase todos os dias atendemos jovens na urgência com quadros de esquizofrenia e psicoses derivadas após o consumo (prolongado ou agudo) de canábis.“, explica uma médica psiquiatra que preferiu manter o anonimato. “São episódios muito tristes porque os adolescentes não estão cientes de que o consumo deste tipo de drogas, mesmo que esporadicamente, podem ser o fio-condutor para um doença psiquiátrica grave. São substâncias perigosas de consumir em qualquer idade mas na adolescência acarretam riscos acrescidos.”, acrescenta.

Dependendo da dose, o uso de canábis tem consequências neurocognitivas graves, que podem ser transitórias ou não. Da falha de memória à dificuldade de aprendizagem, das alterações visuais às alucinações, vários são os campos onde a substância ilícita faz valer a sua força.

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