O último ano colocou desafios sem precedentes aos nossos sistemas de saúde e às nossas sociedades. Embora a pandemia de Covid-19 tenha inevitavelmente absorvido grande parte da nossa atenção, não devemos perder de vista os desafios para a saúde global a longo prazo, tais como o envelhecimento.

A dimensão deste desafio é assustadora. No Reino Unido, uma pessoa atualmente com 65 anos pode esperar viver até aos 85, cerca de mais 10 anos do que a geração dos seus pais. Segundo a ONU, até 2030 a população com mais de 65 anos corresponderá no Reino Unido a 22% e em Portugal a 27% – podendo, segundo o INE, chegar aos 37% até 2080.

Perante esta realidade, o envelhecimento saudável tem que estar obrigatoriamente no centro das nossas agendas políticas. A ONU anunciou que esta será a Década do Envelhecimento Saudável; e a OMS tem liderado ações internacionais para melhorar a vida das pessoas mais velhas, bem como das suas famílias e comunidades.

O Governo Britânico estabeleceu ainda a ambição de todos terem mais cinco anos de vida saudável e independente até 2035. Acresce que a Public Health England, juntamente com o Centre for Ageing Better e outros parceiros, elaboraram uma declaração ambicionando tornar a Inglaterra no melhor sítio do mundo para se envelhecer.

Para tal, as autoridades britânicas e a sociedade civil têm desenvolvido uma série de iniciativas, desde competições de design até à criação de comunidades de aprendizagem, proporcionando a oportunidade de partilhar competências e conhecimento.

À medida que vai surgindo uma imagem mais completa do impacto da Covid-19, torna-se cada vez mais evidente que os efeitos adversos do vírus são distribuídos desigualmente pela população. Entre os mais afetados estão os desfavorecidos, os que estiveram gravemente doentes e têm pela frente uma longa recuperação e, claro, os mais velhos.

O impacto nas suas vidas tem sido extremo. Muitos estiveram isolados das suas famílias e amigos por longos períodos no último ano. Desde o início da pandemia, no Reino Unido, 34% relataram sentir-se mais ansiosos, 43% menos seguros nas idas a estabelecimentos comerciais e 26% menos confiantes para passarem tempo com a família.

No dia 7 de abril, irei assinalar o Dia Mundial da Saúde participando na 2ª edição do Fórum de Envelhecimento Saudável Reino Unido-Portugal, organizado em parceria com a Universidade de Coimbra. Este ano em formato virtual, reuniremos especialistas britânicos e portugueses para debater os desafios partilhados na área do envelhecimento saudável, incluindo abordagens inovadoras na área do design, políticas públicas, gestão da saúde e investigação académica.

Debateremos também oportunidades de negócio decorrentes do envelhecimento, nomeadamente a crescente procura por novas tecnologias, produtos e serviços; novos modelos habitacionais e produtos inovadores de poupança para a reforma; o impacto que a Covid-19 teve no estilo de vida e hábitos dos idosos; e o que podemos aprender com este último ano, para tornar mais robusta a nossa resposta a futuras pandemias. Espero que se possa juntar a nós neste importante evento.