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O embargo dos EUA ao país da gasolina mais barata do mundo

Ontem, entrou em vigor o embargo dos Estados Unidos ao petróleo venezuelano. O objetivo é pressionar a queda do regime de Maduro, anunciou Donald Trump.
29 Abril 2019, 07h44

A Venezuela tem a gasolina mais barata do mundo. Um litro de super, a mais usada, custa 0,01 dólares por litro (0,009 euros). Para se ter um termo de comparação, os habitantes sabem que um litro de combustível é vinte vezes mais barato do que uma garrafa de água pequena. Os poços mais importantes estão nos estados de Carabobo e de Maracaibo. Diariamente são produzidos 2,2 milhões de barris, o principal produto exportado pelo país, segundo dados de fevereiro de 2017.

A alta produção de petróleo e o baixo preço da gasolina influencia o dia-a-dia dos venezuelanos. A começar pelo tráfego visto que o trânsito na cidade é caótico. Às seis da manhã, as filas entopem todos os acessos da capital. Para piorar ainda mais a situação, muitos condutores estacionam os carros na berma da estrada para ir ao banco, à padaria ou até comprar o jornal. A esta hora, o ponteiro que controla a velocidade dos automóveis quase não mexe: 1,2 quilómetros por hora é a velocidade máxima a que se consegue circular na Avenida Francisco de Miranda, uma das principais de Caracas.

A decisão de aumentar o preço do combustível sempre provocou reações fortes por parte da população. No dia 27 de fevereiro de 1989, data que ficou conhecida como o “Caracazo”, o governo do presidente Carlos Andrés Perez anunciou uma série de medidas anti-populares para conter a crise económica do país. Uma delas foi o aumento do preço da gasolina.

Milhares de pessoas saíram às ruas para protestar. Os conflitos duraram cinco dias e morreram mais de mil pessoas. Em 2002, temeu-se que acontecesse o mesmo. O presidente Hugo Chávez decidiu demitir os gestores da PDVSA e substituí-los por pessoas da sua confiança. Em protesto, e para tentar forçar a queda do presidente, os opositores convocaram uma greve geral de trabalhadores. Como consequência, metade dos poços do país ficaram paralisados.

Agora, outra crise. O embargo dos Estados Unidos ao petróleo venezuelano entrou este domingo em vigor, com o objetivo declarado de pressionar a queda do regime do Presidente Nicolás Maduro, visando o pilar da frágil economia venezuelana.

O embargo proíbe qualquer empresa dos EUA de comprar petróleo da companhia petrolífera estatal PDVSA ou de qualquer uma das suas subsidiárias, e qualquer entidade estrangeira de usar o sistema bancário dos EUA para comprar o ‘ouro negro’ venezuelano.

Esta é uma das medidas anunciadas pelo Presidente norte-americano Donald Trump para derrubar o Governo venezuelano em favor do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, reconhecido pela maioria da comunidade internacional, incluindo Portugal.

Contudo, “o facto é que as compras de petróleo da Venezuela por parte dos Estados Unidos são muito limitadas e caíram acentuadamente”, disse um advogado venezuelano em Washington especializado em direito internacional, Mariano de Alba.

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