Por estes dias, discute-se, em Portugal, o próximo Orçamento do Estado e a melhor utilização possível para os fundos europeus disponibilizados em breve, como resposta à crise económica provocada pela Covid-19. Mas, sendo esta discussão essencial, acredito que esses fundos devem ser complementados pela iniciativa coordenada de várias comunidades a bem da economia nacional. Se os fundos europeus passaram a ser conhecidos como a bazuca económica, hoje falo de um empurrão… judaico.

Desde a aprovação da Lei da Cidadania Portuguesa, em 2013, os judeus sefarditas, descendentes dos judeus expulsos de Portugal e Espanha, puderam tornar-se, finalmente, cidadãos portugueses. Vindos de todo o mundo, cerca de 20 mil judeus chegaram a Portugal e deram azo a uma onda de empreendedorismo e ao investimento de milhares de milhões de euros na economia portuguesa, numa relação de win-win.

Com ligações históricas e efetivas ao país, os judeus sefarditas entendem igualmente o momento positivo do país e a sua posição estratégica na Europa, procurando acrescentar valor à economia nacional, em áreas mais óbvias como o turismo, até a bens imobiliários, infraestruturas, indústrias médicas, entre outros setores.

Mas, no Portugal de 2020, anfitrião mais uma vez da Web Summit, o contributo principal da comunidade judaica é na tecnologia, uma vez que há um crescente investimento e contribuição para o setor tecnológico e no crescimento da cultura de startups, que tem vindo a crescer recentemente em Portugal. Falo de empresas como a OrCam (visão artificial); a Guesty (startup israelita de gestão profissional de short-rentals) ou a Innosensi (engagement sensorial).

Casando com os esforços governamentais feitos nos últimos anos, muitos dos judeus sefarditas que chegam a Portugal trazem consigo a experiência e mentalidade certas para contribuir para o crescimento da nação. E as pontes não param de ser criadas, como se vê pelo recente acordo entre agências espaciais de Portugal e Israel.

A inclusão da comunidade judaica na construção de propostas concretas para a economia é o passo seguinte e um programa conjunto dos governos português e israelita deve ser o ponto de partida.