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O fabuloso destino de Hergé

Se leu e releu os livros do Tintim, parta agora à descoberta dos talentos menos conhecidos do pai da BD europeia. Senhoras e senhores, “Hergé”, a partir de 01 de outubro, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
  • © Robert Kayaert, SOFAM, Bruxelas / SPA, Lisboa, 2021
29 Setembro 2021, 07h35

Já ouviu falar em Georges Remi? Seguramente que sim, mesmo que o nome, de repente, não acenda uma luzinha num qualquer recanto do cérebro. O pai da BD europeia é um artista de múltiplos talentos, e serão estes o cerne da mostra que vai ocupar a Galeria Principal, no edifício sede da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, entre 01 de outubro e 10 de janeiro de 2022.

Organizada em colaboração com o Museu Hergé de Louvain-la-Neuve, a primeira exposição sobre a vida e obra de Hergé reúne uma importante seleção de documentos, pranchas originais, pinturas, fotografias e documentos de arquivo, assim como várias obras inspiradas em várias correntes artísticas da sua época – da pop art ao abstrato, passando pelo minimalismo – e divide-se em nove núcleos: Grandeza da arte menor; Hergé, o amante de arte; O romancista da imagem; O êxito e a tormenta; Uma família de papel; Hergé e a revista Coeurs Vaillants; A arte do reclame; A lição do Oriente; O nascimento de um mito.

Oportunidade para conhecer as facetas menos óbvias de Hergé, autor de Tintim e criador multifacetado com provas dadas na ilustração e banda desenhada, publicidade e imprensa, desenho de moda e artes plásticas.

O criador de personagens

Georges Prosper Remi, de seu nome completo, nasceu a 22 de maio de 1907, em Etterbeek, nos arredores de Bruxelas, na Bélgica, no seio de uma família católica. Enveredou desde pequeno pelo desenho e a ilustração, e sabendo-se que a sua infância e adolescência foram marcadas por uma forte ligação aos escuteiros, não surpreendeu que a sua primeira criação, Totor, fosse um escuteiro – com a particularidade de já apresentar traços de Tintim – para a revista “Le Boy Scout”, em 1926.

Dois anos depois, em 1928, tornou-se redator chefe do “Le Petit Vingtième”, suplemento semanal de “Le Vingtième Siècle”, onde foi publicada pela primeira vez uma história de Tintim, de visita ao “País dos Sovietes”. O dia 10 de janeiro de 1929 não passou despercebido a muitos leitores, que receberam a dita história com grande entusiasmo. Ao ponto de a chegada de Tintim e Milu à estação Gare du Nord, em Bruxelas, ter sido encenada – devidamente acompanhados do próprio Hergé – onde uma multidão os aguardava.

Dessa história resultou o seu primeiro álbum,  “Tintim no País dos Sovietes”, editado em 1930 pelo próprio jornal. Ano em que também criou os traquinas Quim e Filipe, no “Le Petit Vingtième”, que dão vida a curtas histórias de duas páginas, reunidas em doze álbuns, para “desespero” do agente 15 da Polícia de Bruxelas, alvo de eleição das suas diabruras.

Em 1936, e a pedido dos responsáveis do semanário “Coeurs Vaillants”, cria uma nova série, protagonizada por dois irmãos e o seu macaco Joana, João e o Macaco Simão. Foi nesta altura também que criou o Atelier Hergé, dedicado à publicidade e demais ilustração, de livros, catálogos ou cartazes. Hergé, o imparável.

Até que, em maio de 1940, a ocupação da Bélgica pelos nazis resulta no encerramento de numerosos jornais, entre eles “Le XXe Siècle” e o seu suplemento “Le Petit Vingtième”, suspendendo a publicação de “Tintim no País do Ouro Negro” por oito anos. Mas isso não impediu o autor de encetar uma outra aventura, “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”, no jornal “Le Soir”, mais concretamente no suplemento “Le Soir Jeunesse”, que marca a estreia do Capitão Haddock, “rival” de Tintim em termos de popularidade.

Dando um salto no tempo, e abreviando a importância dos álbuns da Casterman – e a introdução da potencialidade da cor – chegamos ao nascimento da revista “Tintin”, a 26 de setembro de 1946, um marco na História da BD, por iniciativa de Raymond Leblanc (das Editions du Lombard). Nesta mesma edição, Hergé irá antecipar a ida do Homem à lua em cerca de 20 anos, com a publicação da dupla aventura lunar “Rumo à Lua” e “Explorando a Lua”.

Morreu a 3 de março de 1983. A sua obra continua viva.

 

Programação paralela à exposição:

O Futuro de Tintin
Sexta, 01 de outubro, 19:00

Saber mais

Ciclo Hergé no mundo contemporâneo
Moderação de António Costa Pinto

Hergé e o Portugal do Estado Novo
António Cabral e António Araújo
Sexta, 12 de novembro, 18:00 / Auditório 3

Hergé global
Carlos Gaspar e Miguel Bandeira Jerónimo
Segunda, 22 de novembro, 18:00 / Auditório 3

Hergé e o mundo contemporâneo
João Pedro George e Maria Inácia Rezola
Terça, 23 de novembro, 18:00 / Auditório 3

Ciclo Ler Hergé hoje
Moderação de João Paulo Cotrim

A linha é assim tão clara?
Fernanda Fragateiro e Francisco Vidal
Segunda, 29 de novembro, 18:00 / Auditório 3

Espécie de catacrese!
Patrícia Portela e José Pedro Serra
Segunda, 10 de janeiro, 18:00 / Auditório 3

Apresentação do livro “Tintin no país dos Sovietes”
pelas Edições Asa
Segunda, 06 de dezembro, 18:00 / Auditório 3

Performance “Castafiore”
Performance de Catarina Molder
Sábado, 11 de dezembro, 18:00 / Auditório 2
Sábado, 08 de janeiro, 18:00 / Auditório 2

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